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21 de janeiro de 2014

Quiz Facebook 20/01/2014: Sente-se nesta cadeira!

Ontem teve mais um quiz, como dizer "Sente-se nesta cadeira, por favor" em alemão.




a) Setzen Sie sich auf diesen Stuhl, bitte.
A maioria acertou. Esta é a resposta correta.

Por quê?
1) Como em português, é um verbo reflexivo "sentar-se", porque você está colocando o próprio corpo na posição sentada. O verbo "setzen" pode ser usado de forma não-reflexiva, mas este uso é mais restrito. Dá, por exemplo, para sentar um bebê num carrinho ou sentar uma criança numa cadeira, ou seja, dá para fazer outra pessoa sentar. Além disso o verbo "setzen" é usado em outros contextos onde a tradução em português é "colocar", "pôr", não só "sentar". Como aqui o sentido era reflexivo "sentar-se", o verbo tem que ser reflexivo "sich setzen".

Quer entender melhor os verbos reflexivos? Clique aqui.

2) A preposição "auf" pode ser usada com acusativo ou dativo.

Acusativo: "auf dieseN Stuhl" -  para esta cadeira, nesta cadeira
Usa-se o acusativo quando a ideia for de deslocamento de um lugar para outro. No caso, a ação de sentar é vista como o deslocamento (da sua bunda hahahahah) de um lugar para outro (no caso, para a cadeira). É por isso que os alemães dizem "para a cadeira".

Dativo: "auf dieseM Stuhl" -  nesta cadeira
O dativo seria usado apenas quando se quer indicar o lugar onde uma ação acontece. Se por exemplo tivéssemos, "Ele está dormindo na cadeira", usaríamos o dativo, pois o "na cadeira" aqui é apenas a indicação do lugar onde a ação (dormir) acontece.

Regra de ouro: Quem define o caso de um substantivo é a preposição "auf", não é o verbo "setzen". O verbo "setzen" dá apenas a pista de que se trata de um deslocamento de A para B, mas o caso quem define é a preposição. Por exemplo: "Ich gehe zur Party". A preposição "zu" está pouco se lixando se o verbo "gehen" indica deslocamento ou não. É ela que manda no pedaço e ela só é usada com o dativo. Quem definiu que "dieseN" ficou no acusativo foi a preposição "auf", que pode ser usada com este caso. 

Quer ler mais sobre isso? Clique aqui.

b) Sitzen Sie auf diesen Stuhl, bitte.
Muitas pessoas confundem "sitzen" com "setzen".  Para entender melhor a diferença, clique aqui.

c) Setzen Sie auf diesem Stuhl, bitte. 
Esta opção está errado porque falta o pronome reflexivo e por causa uso do dativo.

d) Setzen Sie sich auf dieses Stuhl, bitte.
Esta opção estaria correta se não fosse o uso de "dieses".
"Dieses" é usado para substantivos neutros. "Stuhl" é um substantivo masculino. Portanto no acusativo termina em "-n".

O Gabriel de Assis Pinheiro resumiu tudo:

12 comentários:

  1. Olá!

    Não sei se tu leste minha resposta ao quiz na página do facebook, mas tenho alguns comentários a fazer sobre a tua explicação.

    (1) "Regra de ouro: Quem define o caso de um substantivo é a preposição 'auf', não é o verbo 'setzen'." ERRADO.

    "Auf" é uma "Wechselpräposition", e seu uso não determina nada, justamente por ser ambivalente. O que determina é o verbo, sim, por ele pertencer aos cinco grupos chamados "Verben mit Akkusativ- und Direktiv-Ergänzung". São eles "setzen", "legen", "stellen", "hängen" e "stecken". São usados somente com Wechselpräpositionen + Akkusativ. Não se pode usá-los com proposições de dativo fixo, como "zu", "nach", etc. Já "gehen" é um caso diferente, porque ele é um "Verb mit DIREKTIV-Ergänzung", que, ao contrário dos verbos com "Akkusativ- UND Direktiv-Ergänzung", não exige um complemento acusativo. (Não se diz "Ich gehe mich zur Uni". Portanto, a regência é diferente, sim, mas a possibilidade de uso de "auf" com o verbo "setzen" é justamente porque ela permite seu complemento no acusativo, o que não acontece com certas preposições que podem ser usadas com o verbo "gehen", portanto NÃO É A PREPOSIÇÃO que define o caso, e sim o verbo.

    (2) O verbo "setzen" não é um verbo reflexivo que "pode ser usado de outra maneira". Ele é um verbo que exige um "Akkusativ-Ergänzung", e ESTE COMPLEMENTO, sim, pode ser um pronome reflexivo. É diferente. Dizer "Ich setze mich auf den Boden" e "Ich setze die Katze auf den Boden" não são usos distintos do verbo "setzen", mas sim a troca do complemento acusativo necessário ao verbo. O verbo permanece inalterado em sua função.

    É isso. Espero que tu não leves a mal meus comentários e nem te ofendas com eles.

    Parabéns pelo blog! :)

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    Respostas
    1. Não, não levo a mal teus comentários, até agradeço a participação na discussão, mas permita-me discordar deles. Vou te explicar o porquê.

      (1) Do ponto de vista linguístico, quem define os casos dos sintagmas preposicionados são as preposições, não os verbos.

      Entendo que alguns verbos peçam complementos de direção. Portanto, quando se usa "gehen", parte-se do pressuposto que se vá a algum lugar, sendo o complemento direcional aqui parte da regência verbal. O mesmo vale para os cinco verbos citados por você. Então, entendo o seu ponto de vista sobre a regência verbal.

      Mas, numa análise linguística, o fato de "auf den Stuhl" ser usado com o acusativo não é definido pelo verbo "setzen", e sim pela possibilidade de a preposição "auf" ser usada com o acusativo. Sim, é uma preposição ambivalente, mas quem define o caso é a própria preposição, não o verbo.

      Já dei exemplos em outro link sobre isso.

      É claro que dá pra usar um complemento no dativo com esses verbos se você quiser indicar onde tudo aconteceu.

      Exemplo retirado da internet:
      "Und seltsamerweise gab es zwei Jugendliche, die sich in einem riesigen Kino ganz unten in die erste Reihe gesetzt haben"
      (E estranhamente havia dois jovens que, num cinema enorme, se sentaram lá atrás na primeira fila)

      "in die erste Reihe" -> Aqui é o complemento de direção. Sim, esse complemento de direção é regido pelo verbo “setzen”. Neste ponto concordamos. Como “in” é uma preposição ambivalente, ela (a preposição, não o verbo) pode definir que caso vai reger. No caso de “in DIE erste Reihe” a preposição “in” exige o acusativo, para indicar o destino final de um deslocamento. No caso, os dois jovens se deslocaram do local onde estavam até a primeira fila. Mas todo esse deslocamento se passou “in einem riesigen Kino”, ou seja, é o MESMO verbo e a MESMA preposição, só que aqui a preposição IN exige o dativo, pois quer indicar apenas o local onde tudo se passou.

      Sim, concordamos que o verbo “setzen” exige um complemento de direção. E concordamos que esse complemento de direção seja expresso, no geral, por Wechselpräpositionen. Mas discordo de que o caso é regido pelo verbo “setzen”. Quem define o caso é a própria preposição, não o verbo.

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    2. Outro equívoco (desculpe-me por dizer que é "equívoco", não quero ofender, apenas defender meu ponto de vista) da sua análise é usar o exemplo “gehen” para provar que é o verbo que pede o caso, dizendo que “gehen” não pede um complemento no acusativo (“Ich gehe mich” foi o exemplo que você deu). Que tal então usarmos o verbo “fahren”, que é quase sinônimo de “gehen”, mas que pode ser usado com complementos no acusativo e fazer os mesmos testes que você fez?

      Exemplo retirado da internet:
      „Autofahrer schläft ein und fährt sein Auto in einen Garten“
      (Motorista adormece e dirige o seu carro para dentro de um jardim) – tradução literal!

      Pois bem, aqui vemos o verbo “fahren” com o um complemento no acusativo (sein Auto) e um complemento de direção “in einen Garten”. Já que “in” é uma preposição ambivalente, a direção é expressa com o caso “acusativo”.

      Mas caso mudássemos a preposição, pouco importaria o verbo.
      Exemplo retirado da internet:
      „Er fährt das Auto zum Hafen, setzt sich ins Flugzeug...“
      (Ele dirige o carro para o [aero]porto, se senta no avião...)

      Aqui temos a mesma análise: O verbo “fahren” é usado com um complemento no acusativo “das auto” e pede um complemento de direção. Esse complemento de direção é “zum Hafen”. Como a preposição “zu” só pode ser usada com o dativo, apesar de indicar direção, o caso é o dativo. Quem indica o caso é a preposição, não o verbo. Logo depois o autor da frase usa o verbo “setzen” e faz o mesmo. Neste caso “sich”, pronome reflexivo no acusativo e “ins Flugzeug” no acusativo, já que a preposição IN distingue dois casos, um caso indicando direção e outro indicando apenas o local, sem deslocamento.

      Resumindo: do ponto de vista linguístico, a preposição é o cabeça de um sintagma preposicional. A regência do verbo pode exigir complementos de direção, mas estes complementos podem ser expressos de várias formas: Prep + Akk (in die erste Reihe), Prep + Dat (zum Hafen), Advérbios (dahin, hierher) etc.

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    3. (2) Vamos agora ao ponto número 2 sobre o “setzen” ser reflexivo ou não.

      Sim, neste ponto eu concordo com sua análise, mas sou mais pragmático.

      O verbo é o “setzen”, você tem razão. Mas como citei no próprio texto deste tópico, ele é usado na maioria dos casos em sua forma reflexiva, por isso, sendo pragmático, faz sentido ensiná-lo já em sua forma reflexiva para os alunos.

      Sei que não analisa como um verbo reflexivo, mas sim como o verbo "setzen" + complemento no acusativo. Mas, no caso, prefiro dizer que é um verbo usado de forma reflexiva e não "no acusativo". Assim como "cortar + algo" ou "cortar-se". É claro que o "se" aqui é o objeto de "cortar", mas também é possível analisar como o verbo "cortar" usado de forma reflexiva. "Eu me corto, você se corta etc.". Bem, aqui podemos concordar em discordar. :-)

      Isso tem um aspecto didático, não só gramatical, pois quando o aluno aprende palavras que são usadas em conjunto com frequência como um todo, ele não precisa ficar analisando aquela estrutura o tempo todo. É por isso que ensinamos “sich setzen”, já como reflexivo, pois na maioria dos casos as pessoas sentam as próprias bundas nos lugares, não as bundas dos outros. É por isso que prefiro dizer que “setzen” pode ser usado de forma não-reflexiva, mas no caso em questão do ato de “sentar”, é mais comum que seja usado de forma reflexiva.

      Mas isso do ponto de vista didático, não do ponto de visto analítico-gramatical.

      Ainda do ponto de vista didático, quanto ensino os tais 5 verbos (stellen, legen, setzen, hängen, stecken), ensino-os assim mesmo. Mas no caso do "setzen" sempre faço uma ressalva de que ele é usado, nesse sentido, com mais frequência em sua forma reflexiva. Até mesmo nos exercícios dos livros raramente aparecem exemplos do verbo "setzen" em seu uso não reflexivo. Mas isso é didática, não gramática.

      Obrigado pelos comentários:-)

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  2. Hm... não, não convenceu. :)

    Tu disseste: “Do ponto de vista linguístico, quem define os casos dos sintagmas preposicionados são as preposições, não os verbos”. Isso faz todo o sentido do mundo quando lidamos com línguas como o português, mas o caso aqui é outro. As regras de linguística alemãs não são equivalentes às da nossa língua. Concordo plenamente que o caso é estabelecido necessariamente quando se usa preposições específicas como “über, gegen, etc.” no acusativo e “nach, zu, etc.” no dativo. Mas não no caso de Wechselpräpositionen, justamente porque são “Wechsel-”. Mas vamos adiante:

    “Mas, numa análise linguística, o fato de ‘auf den Stuhl’ ser usado com o acusativo não é definido pelo verbo ‘setzen’, e sim pela possibilidade de a preposição ‘auf’ ser usada com o acusativo.”

    Bem, insisto. Como pode “auf” definir o caso se ela é uma preposição ambivalente? Nada do que é “possível”, do que lida com meras “possibilidades”, é capaz de “definir”. E, de fato, a simples inserção dessa preposição não é capaz de definir caso algum. É necessário apelar ao verbo para entender o que ele exige. Se eu digo “auf [x] Stuhl”, qual o artigo correto a ser inserido? Bem, dependerá do verbo que precede a expressão. Se for “sitzen”, será “dem”; se for “setzen”, “den”. Se o “auf” fosse, sozinho, o responsável pela regência, a resposta poderia ser respondida a despeito do verbo precedente. No português, sim, de fato, é possível reconhecer o caso do sintagma simplesmente olhando-se para a preposição. Mas no português.

    Em outro lugar tu disseste algo semelhante:

    “Não é o verbo que vai indicar o caso e sim, a preposição e aquilo que você queira dizer com ela. [...] Ou seja, o verbo não é quem define o caso da preposição. É a preposição, em si mesma, que define o caso.”

    Gostei da parte sobre “aquilo que você quer dizer com ela”, mas isso fica para depois. Observa:

    “Ich gehe ____ Park.” Até aí não há como se saber qual caso usar. Ora, se a preposição fosse quem define o caso, sua simples inserção deveria ser suficiente para que se obtivesse uma resposta:

    “Ich gehe in ____ Park.” No entanto, continuamos sem saber se usamos dativo ou acusativo. Onde está a capacidade da preposição de definir o caso, então?

    É claro que, ao se fazer uso de outros tipos de preposições, a coisa muda. Teus exemplos foram claros a respeito. “Ich gehe zum Bahnhof”. O caso dativo é exigido pela preposição “zu” a despeito de “gehen” ser, nesse caso, um verbo que indica deslocamento em direção a um “ponto B”. Perfeito. Mas “zu” não é uma Wechselpräposition. Ela sim é capaz de alterar a regência toda, mas “auf” não é — ela depende do verbo.

    “Aquilo que você queira dizer com ela”. Bem, no caso do verbo “gehen”, de fato, é possível querer dizer os dois. Posso ir ao parque ou ficar andando pelo parque. No entanto, no caso daqueles cinco verbos citados (setzen, stellen, etc.), só se deve (“deve”, não “pode” — já voltarei a isso também) dizer uma coisa, a saber, a direção à qual o objeto referido foi deslocado. Portanto, sim, “auf” PERMITE o acusativo, mas ele “permite” algo que é exigido pelo verbo (e que não é afetado por outra preposição de caso fixo, como “zu”). (Aliás, sigo tentando imaginar um caso em que o complemento do verbo “stellen” possa ser formado com uma preposição de dativo, mas não encontro nenhum.) Aí tu podes dizer que a preposição definiu o caso... Bem, ela fez o que o verbo exigiu dela, nada mais que isso. Não vejo como considerar isso uma “definição”.

    É aquela velha questão da filosofia medieval, da época em que surgiam as primeiras universidades. A ilustração é um pouco cômica, mas serve bem aos nosso propósitos: “se um homem amarra uma corda ao redor do pescoço de um porco e sai a passear, quem está levando o animal para passear, o homem ou a corda?”

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    1. Oi Ramon,
      Entendi todo o seu discurso, Continuo não concordando com seus argumentos. E gostaria muito de não ter que escrever muito mais sobre o tema, porque a meu ver eu não tenho que te convencer de algo. Fica parecendo que TENHO QUE te convencer de algo, quando, na verdade, não estou aqui defendendo o MEU ponto de vista, e sim, o ponto de vista da Linguística (como ciência), ou pelo menos daquilo que acho que sei sobre ela.

      Vou retomar os pontos que você citou e apresentar o meu ponto de vista sobre eles, sem querer te convencer deles. Ao final da leitura, você pode manter o seu ponto de vista, mas quero apenas que você entenda como eu analiso esses casos, mesmo que você não concorde com minha análise. Sem mais delongas:

      (1)
      Vou aqui responder aos seus argumentos:
      "Isso faz todo o sentido do mundo quando lidamos com línguas como o português, mas o caso aqui é outro. As regras de linguística alemãs não são equivalentes às da nossa língua."

      Pelo contrário. Em alemão é que fica mais claro que a preposição é o cabeça do sintagma preposicionado justamente pela questão da declinação. Quando alguém diz "beim Arzt" fica claro que a preposição é quem define o caso. Ou seja, na linguística alemã esse papel que a preposição exerce sobre os elementos que a acompanham ainda é mais óbvio que em português.
      (2) Como pode “auf” definir o caso se ela é uma preposição ambivalente?
      Ora, o fato de uma preposição ser ambivalente não quer dizer que a escolha do caso seja aleatória. Não estamos falando aqui sobre possibilidades. Os casos são muito bem definidos. De acordo com o caso usado, sabemos exatamente o que ela quer dizer, por isso não vejo aqui nenhum problema em dizer que uma preposição ambivalente DEFINE o caso que se segue.

      Vou dar aqui alguns exemplos de definição clara dos casos (esqueça por um minuto os verbos “stellen, legen, setzen...”, volto a eles mais tarde).

      Por exemplo: no sentido temporal, as preposições AN e IN só são usadas com o caso dativo.
      am Wochenende, in einem Monat.
      Ou seja, não se trata de ambivalência. O caso é bem definido no sentido temporal, é o DATIVO. Fim de conversa.
      No sentido espacial cada caso é bem definido em significado, não há aqui aleatoriedade.
      in ein Haus (para uma casa), in einem Haus (numa casa).
      Seu argumento de “meras possibilidades” faria somente sentido se o uso dos casos não estivesse perfeitamente delimitado, mas está. Portanto, essas preposições podem, SIM, definir qual caso se seguirá a elas, dependendo do sentido que se quer dar com o seu uso. Caso se queira demonstrar o destino final de um deslocamento, usa-se o acusativo. Caso contrário, usa-se o dativo. Isso está bem definido. Não é uma mera possibilidade.
      Seria possibilidade caso houvesse casos em que usássemos o acusativo com estas preposições sem que houvesse um deslocamento em jogo ou caso a escolha do caso fosse meio sem lógica, às vezes de um jeito às vezes de outro.

      Em outras palavras, poderíamos imaginar que há duas preposições “in” homônimas “in(1)” que é usada apenas com o acusativo e “in(2)” que é usada apenas com o dativo. O uso de uma ou de outra não se confundem.

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    2. (3) É necessário apelar ao verbo para entender o que ele exige.
      JEIN. Os verbos podem dar, sim, pistas para saber se se trata de um deslocamento ou não, claro, mas o que você ainda não captou (peço mais uma vez para você deixar de lado os verbos stellen, legen etc. por um momento. Já já volto a eles) é que essas preposições também regem casos específicos mesmo quando não há verbos.

      Existe um filme chamado “Friedlich in die Katastrophe” (http://www.friedlich-in-die-katastrophe.de/). Perceba que não há nenhum verbo no título desse filme. Mesmo sem nenhum verbo no título, qualquer falante de alemão entende (através do uso do acusativo) que o título desse filme não quer dizer “Calmo na catástrofe”, mas “Calmamente/Calmo em direção à catástrofe”. Ou seja, o uso do acusativo, em si, define qual interpretação se tem daquilo que se segue à preposição (mais uma vez, não é uma mera possibilidade. O uso é proposital e definido). Não dá pra saber de imediato qual verbo foi omitido aqui. Caso o sentido fosse “Calmo na catástrofe” teriam usado o dativo.

      É isso que estou tentando te dizer o tempo todo.

      Não há necessidade de “apelar” para “stellen, legen, setzen...”. O mero uso do acusativo com as tais Wechselpräpositionen com complementos OU adjuntos de lugar, por si só, já seria uma indicação do destino final de um deslocamento independente de qual verbo fosse usado, pois o uso dos casos é bem DEFINIDO. Não há aleatoriedade na escolha dos casos nesse sentido. O falante de alemão já interpreta que há deslocamento pelo mero uso da preposição com um caso, não através do verbo.

      (4) A expressão “in einem riesigen Kino” não é, aqui, um complemento no dativo, e sim um adjunto. Ela é dispensável a “die sich in die erste Reihe gesetzt haben”, mas “in die erste Reihe” não, porque ela sim é complemento de “setzen”.

      Eu sabia que você ia mencionar isso, até quis acrescentar que já sabia que “in einem riesigen Kino” é adjunto, mas já tinha escrito tanto que preferi deixar pra lá. Isso não invalida minha linha de argumentação já que sob o meu ponto de vista a preposição é que define o caso que se segue, não o verbo, então adjuntos também entram na minha análise.

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    3. (5) “mas a diferença de “fahren” para “setzen” é que o segundo EXIGE um complemento no acusativo, enquanto que o primeiro não”.

      Não, não. Quem “fährt”, “fährt irgendwohin”. Agora esse “irgendwohin” pode ser omitido. Da mesma forma que com “setzen” dá pra omitir também.
      Quando alguém diz “Setzen Sie sich, bitte”, não é necessário dizer onde, pode ser em qualquer lugar. Da mesma forma quando alguém diz “Ich fahre das Auto”, sabe-se que ele “fährt das Auto” para algum lugar. Esse algum lugar pode ser expresso ou omitido.

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  3. Explico agora por que falei sobre “dever, e não poder” com relação aos cinco verbos. Torno a citar-te:

    “É claro que dá pra usar um complemento no dativo com esses verbos se você quiser indicar onde tudo aconteceu.

    Exemplo retirado da internet:
    ‘Und seltsamerweise gab es zwei Jugendliche, die sich in einem riesigen Kino ganz unten in die erste Reihe gesetzt haben’.”

    Bem, teu equívoco (com tua concessão para usar o termo também) foi algo bastante comum, mas nem por isso menos errado. A expressão “in einem riesigen Kino” não é, aqui, um complemento no dativo, e sim um adjunto. Ela é dispensável a “die sich in die erste Reihe gesetzt haben”, mas “in die erste Reihe” não, porque ela sim é complemento de “setzen”. Os COMPLEMENTOS dos verbos “setzen”, “stellen”, etc., são SEMPRE no acusativo. A preposição não exerce poder algum, aqui.

    Só para fechar este monólogo todo — que espero sinceramente não ser tomado como indício de uma tentativa de disputa intelectual —, aproveito a distinção entre complemento e adjunto para fazer referência a uma de minhas respostas.

    É claro que no caso de “fahren” é possível fazer uso de um complemento no acusativo “Ich fahre das Auto zum Flughagen”, mas a diferença de “fahren” para “setzen” é que o segundo EXIGE um complemento no acusativo, enquanto que o primeiro não. Por conta disso, faria mais sentido, idealmente, falar não em “Akkusativergänzung”, mas sim em “Akkusativangabe”, embora o termo não exista de fato, ao que me consta. Pois a diferença entre Angabe e Ergänzung é a obrigatoriedade de seu uso. De qualquer maneira, continuo sustentando que ambos não são equiparáveis. O verbo “fahren” apenas exige o “wohin?”, não o “was?”. O uso do último é facultativo.

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    1. Para concluir:
      Eu concordo que os verbos “stellen, legen, setzen etc.” exigem um complemento de direção e que estes complementos são expressos, geralmente, sob a forma de uma Wechselpräposition + Acusativo. Mas essa valência também pode ser ocupada através de advérbios de direção (como “dahin”).
      Definitivamente nāo conheço muitos casos em que se usam outras preposições com estes verbos. Apenas me vieram à mente casos como:

      * “Darf ich mich zu Ihnen setzen?” (Neste caso, o pronome pessoal não indica um local, mas fica claro que a pessoa tem que se deslocar até o lugar onde o(s) outro(s) estão. Sendo assim o “zu Ihnen” também indica a direção do deslocamento)

      *” Wem eine Modem-Verbindung zu langsam ist, sollte sich von der Telekom eine ISDN-Leitung nach Hause legen lassen und seinen Rechner mit einer ISDN-Karte bestücken“. (Aqui a „ISDN-Leitung“ deve ser posta/instalada na casa do indivíduo. Usou-se “nach Hause” para indicar a direção)

      Sei que estes casos são mais raros, admito.
      Sim, eu entendo suas afirmações porque, a seu ver, o fato de praticamente todos os casos de complementos dos verbos “stellen, legen etc.” serem apresentados na forma “preposição + acusativo” nos força a pensar que isso é “culpa” do verbo, ou seja, o verbo força o uso de determinado caso.

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    2. Eu continuo (e continuarei) a interpretar esses dados de outra forma. Para mim, as Wechselpräpositionen (não os verbos!) são usadas com o acusativo quando quiserem indicar o deslocamento. Há verbos que, por sua natureza semântica, trazem o “deslocamento” como parte primordial de seu significado. Verbos como “stellen, legen, setzen etc.” presumem que haja um deslocamento de A em direção a B. A língua, então, vai usar os recursos disponíveis em seu repertório para expressar a direção B deste deslocamento.

      A língua alemã tem várias preposições que podem indicar a direção final de um deslocamento entre elas: ZU – como em “zum Fest”, NACH – como em “nach Hause” usadas com o dativo e também uma série de preposições que SÃO (elas NÃO PODEM SER, elas SÃO – lembrando que não é uma possibilidade, aqui o caso é pré-definido para indicar o deslocamento) usadas com o acusativo (“in, an, auf etc.”). Como você já constatou, nos casos de “stellen, legen, setzen...” é claramente visível que estas preposições com acusativo são usadas na enorme maioria dos casos, o que faz parecer que o acusativo usado é exigido pelo verbo “stellen, legen etc.”.

      Mas eu não vejo assim. O acusativo usado só é possível porque as tais preposições ambivalentes são sempre usadas com o acusativo quando querem indicar deslocamento. É claro que o verbo (setzen, legen, etc.) em si reforça sentido de deslocamento, ou seja um alemão que ouve "Setzen Sie sich" já entende só pelo uso do verbo que há um deslocamento. Mas o verbo, em si, não rege o caso da preposição, é a própria preposição que "decide" em que caso os termos que a acompanham estarão.

      E para fazer o teste final de que são as preposições as responsáveis pelo caso e pelo sentido de deslocamento, poderíamos fazer um teste com diversos falantes nativos de sintagmas preposicionados sem verbos para testar a habilidade de perceber que há um deslocamento mesmo sem a presença de verbos.

      Os exemplos seriam coisas do tipo “ins Bett” (há deslocamento ou não?). Se um falante nativo é capaz de perceber que “in” + Akk indica deslocamento, mesmo sem verbo, não há necessidade de “apelar” para verbo nenhum e é uma prova de que as Wechselpräpositionen e os seus casos correspondentes são muito definidos em relação aos seus significados. “stellen” pede um complemento de direção e este é expresso através de uma preposição (p.ex. IN + acusativo). Mas “stellen” não pede o acusativo de “in” :-)

      Bem, é essa a minha interpretação das coisas. Não há intenção minha em lhe convencer de nada. Por isso não há necessidade de você tentar explicar mais uma vez o seu ponto, pois já entendi a sua interpretação. Não estou tirando teu direito de resposta. Se quiser escrever algo, fique à vontade. Seus comentários são bem-vindos e não há nenhum sentimento de briga, rixa, raiva ou qualquer coisa semelhante.
      Espero apenas que tenha sido claro na exposição dos meus argumentos. Não sou o dono da verdade e posso mudar de opinião, sim. Pode ser que daqui a pouco leia outra coisa, outras análises e mude de ideia. Mas pra mudar de ideia EU teria que ler publicações científicas diferentes daquelas que li durante minha formação acadêmica, pois durante as aulas de sintaxe alemã, as análises eram as que expus aqui.

      Um grande abraço,
      Fábio

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  4. (Perdão, "über" não é preposição específica.)

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