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27 de setembro de 2014

Socorro: Ihr, ihr, ihre, Ihnen, Ihren... estou confuso

Olá, vamos a mais uma dúvida que pode ser a dúvida de muitos. Tantas palavras parecidas podem deixar um estudante de alemão bastante confuso. Por isso vou tentar explicar todos os possíveis usos e significados dessas palavras. Mas hoje vou falar só sobre o "ihr" :-) O "sein" fica para a próxima.

Prontos para uma bateria de informações? Pois peguem seu caderno e sua caneta, abram uma cerveja gelada, sentem-se confortavelmente e venham comigo.


Ihr - ihr - Ihre - ihre - Ihren - ihren - Ihnen - ihnen etc. 

Primeiro vamos a uma informação importantíssima (lembre-se, ainda não vou traduzir às frases. Quero chamar atenção primeiro aos detalhes):

Existem versões minúsculas e maiúsculas para todas as palavras citadas. Isso pode fazer diferença no significado. 

Minúsculo 1 = refere-se à terceira pessoa do singular feminino ou do plural (de todos os gêneros)
Ex.: Paula ist hier und ihr Haus ist auch hier. 
Minúsculo 2 = refere-se à segunda pessoa do plural, tratamento informal direito
Ex.: Wo seid ihr?
Maiúsculo = refere-se ao tratamento formal direto
Ex.: Ist das Ihr Haus?

Quando for a primeira palavra da frase, estará sempre escrito com letra maiúscula, obviamente. Nesse caso com o contexto ajuda a saber o significado.
Ihr Haus ist hier. - Nesse caso só o contexto vai ajudar.
Hier ist Ihr Haus. - Nesse caso a maiúscula já indica que é o tratamento FORMAL.

Atente para a maiúscula e minúscula antes de qualquer coisa, ok? :-)

Vamos agora palavra por palavra e suas funções

MINÚSCULOS
1) ihr (vocês)
A palavra "ihr" (minúscula) significa "vocês" em português. O caso é sempre o nominativo, pois é sempre o sujeito da oração. É um pronome pessoal da segunda pessoa do plural.

Em português este pronome antigamente era o "vós", mas tanto em Portugal quanto no Brasil, o "vós" caiu em desuso, por isso, faz mais sentido traduzir "ihr" por "vocês". Na Bíblia alemã ele também é usado no sentido de "vós".

P.S. Obviamente se aparecer no começo da frase, será escrito com letra maiúscula. Fora isso, ele é sempre minúsculo.

Wo seid ihr? Onde estão vocês?
Was habt ihr gestern gemacht? O que vocês fizeram ontem?
Ihr könnt doch schwimmen, oder? Mas você sabem nadar, não sabem?

O tratamento aqui é informal. Ou seja, usa-se "ihr" quando se fala com um grupo de pessoas que você trata por "du", geralmente, amigos, jovens, colegas, familiares ou em qualquer situação mais informal. Como "ihr" sempre está no nominativo, o verbo sempre será conjugado na segunda pessoa do plural (em geral, com a terminação -t). No acusativo e no dativo, para dizer "vocês" usa-se a forma euch.

P.S. Em cartas "ihr" com o sentido de "vocês" pode ser escrito de letra maiúscula. Sobre isso já foi falado aqui

2) ihr (ela, para ela, a ela, lhe)
A palavra "ihr" (minúscula) pode ser também a forma do dativo do pronome "sie" (ela). Como é um pronome no dativo, ele quase sempre aparece na função de complemento verbal (objeto!). Em português há muitas formas de se traduzir isso, dependendo da regência verbal em português. Tenha em mente que é um pronome singular e feminino, ou seja, refere-se a pessoas do sexo feminino ou outras palavras do gênero feminino em alemão.

Er hilft ihr. Ele a ajuda. (Informal: Ele ajuda ela)
Wir fahren mit ihr nach Hause. Nós vamos para casa com ela. 
Ich habe von ihr nichts mehr gehört. Nunca mais ouvi falar dela.
Hast du ihr die Blumen gegeben? Você lhe (para ela) deu as flores?

P.S. Obviamente se aparecer no começo da frase, será escrito com letra maiúscula. Fora isso, ele é sempre minúsculo.

Não há como confundir aqui esse "ihr" com o sentido de "vocês", pois "vocês" está sempre na função de sujeito. Como objeto, "vocês" se diz "euch". O "ihr" no sentido de "ela" é sempre "objeto no dativo". 

3) ihr (seu(s)/sua(s); dela)
A palavra "ihr" (minúscula) pode ser também um possessivo relacionado ao pronome "sie" (ela). Como é um possessivo, o sentido aqui é sempre de "posse", sendo a dona em questão alguém do sexo feminino ou referente a um substantivo do gênero feminino. P.S. Obviamente se aparecer no começo da frase, será escrito com letra maiúscula. Fora isso, ele é sempre minúsculo. 

Das ist Katharina und das ist ihr Auto. Esta é a Katharina e este é o carro dela
Da siehst du Maria. Ihr Kind lernt in meiner Schule. Ali você vê a Maria. O filho dela estuda na minha escola. 

Informação importante: os possessivos declinam de acordo com gênero, número e caso. O possessivo "ihr" pode receber então receber terminações de acordo com o gênero do substantivo que acompanha. Por exemplo:
Da ist Katharina. Ich kenne ihren Mann und ihre Tochter. 
Lá está a Katharina. Eu conheço o marido dela e a filha dela

Atente no exemplo que o pronome é o mesmo e tem o mesmo significado. Só que recebe terminações  (marcadas de azul) por causa da declinação. 

4) ihr (seu(s)/sua(s); deles; delas)
A palavra "ihr" (minúscula) pode ser também um possessivo relacionado ao pronome "sie" do plural (eles/elas). Como é um possessivo, o sentido aqui é sempre de "posse", sendo que os nomes em questão se referem a mais de uma pessoa/ser. O alemão não faz distinção de gênero no plural. Por isso, esse pronome pode se referir a substantivos de qualquer gênero (masculino/feminino/neutro) desde que estejam no plural. P.S. Obviamente se aparecer no começo da frase, será escrito com letra maiúscula. Fora isso, ele é sempre minúsculo. 

Das sind Fátima und Joel und das ist ihr Auto. Estes são a Fátima e o Joel e este é o carro deles
Da siehst du Maria und Pedro. Ihr Kind lernt in meiner Schule. Ali você vê a Maria e o Pedro. O filho deles estuda na minha escola.

Tudo que eu falei no número 3 se aplica ao "ihr" número 4. Na verdade, isso é meio óbvio, pois o pronome "sie" pode tanto significar "ela" quanto significar "eles,elas". Sendo assim, nada mais justo (e lógico) do que ter o mesmo pronome possessivo. Da mesma forma, este possessivo também poderá receber terminações, como no exemplo do número 3. É só substitutir Katharina por dois nomes e os pronomes serão os mesmos.

5) ihnen (eles/elas; para eles/elas; a eles/elas; lhes)
Tá, eu sei. Muita gente acaba confundindo "ihnen" com "ihren". Mas não tem como confundir rsrsrs

A palavra "ihren" é a mesma que colori de vermelho e azul antes. "Ihren" nada mais é que o possessivo "ihr" declinado (ihr + en). A parte vermelha se refere à dona (ou aos donos). A parte em azul concorda (em gênero, número e caso) com o substantivo que acompanha. Ou seja, é um POSSESSIVO. A ideia é sempre de posse. Tenha isso em mente. 

A palavra "ihnen" (minúscula) é a forma do dativo plural do pronome "sie" (plural: eles/elas). Como é um pronome no dativo, ele quase sempre aparece na função de complemento verbal (objeto!). Em português há muitas formas de se traduzir isso, dependendo da regência verbal em português. Tenha em mente que é um pronome plural, ou seja, refere-se a grupos de qualquer gênero, já que no plural, o alemão não faz essa distinção.
Er hilft ihnen. Ele os/as ajuda. (Informal: Ele ajuda eles/elas)
Wir fahren mit ihnen nach Hause. Nós vamos para casa com eles/elas. 
Ich habe von ihnen nichts mehr gehört. Nunca mais ouvi falar deles/delas.
Hast du ihnen die Blumen gegeben? Você lhes (para eles/elas) deu as flores?

Revisando:
O pronome "sie" pode tanto significar "ela" (singular) quanto "eles/elas" (plural). No dativo, o pronome "sie" (singular) vira "ihr" (veja os exemplos do número 2). No plural, ele vira "ihnen" (veja os exemplos anteriores). Lembrem-se: "ihnen" (pronome pessoal: eles/elas) vs. "ihren = ihr + en" (possessivo:deles/delas)

Sei que você deve estar se perguntando: E o "Wie geht es Ihnen?"... bem.. esse é escrito com letra maiúscula. Vamos falar sobre ele já já.

Cansou? Pois faça um café e volte para terminar o resto do tópico.

MAIÚSCULOS
Como dito no começo do tópico, o uso de maiúsculas pode indicar o tratamento formal. Neste caso, os possessivos e os pronomes pessoais são escritos com letra maiúscula sempre, seja qual for a posição na oração. 

Por exemplo, em "Wie heißen Sie?", o "Sie" está com inicial maiúscula pois a pergunta é dirigida a alguém de maneira formal. Pode-se traduzir por "o senhor/a senhora" (no singular), "os senhores/as senhoras" (no plural) ou até mesmo de "você/vocês" em certos casos, já que o uso dessas formalidades não são 100% iguais no Brasil/Portugal e Alemanha. Sendo assim, tenha em mente que todos os pronomes dos quais vamos falar agora se referem ao tratamento formal usado, por exemplo, ao falar com um adulto desconhecido, com seu chefe, com um funcionário de uma loja ou repartição pública etc. 

6) Ihr (seu/sua/do Sr./da Sra./dos Srs./das Sras. /de vocês)
A palavra "Ihr" (maiúscula) é um possessivo relacionado ao pronome "Sie" (tratamento formal). Como é um possessivo, o sentido aqui é sempre de "posse". O tratamento pode ser dirigido tanto a um só indivíduo quanto a um grupo de pessoas. O tratamento formal é sempre DIRETO, ou seja, você está falando/escrevendo diretamente com/para a pessoa. 

Guten Tag, Herr da Silva, ist das Ihr Auto? Bom dia, Sr. João, este é o seu carro? (o carro do Sr.)?
Frau Soares, haben Sie Ihr Kind mitgebracht? Dona Maria, a sra. trouxe o seu filho?

Assim como nos casos 3 e 4, os possessivos aqui também podem declinar e receber terminações. Trata-se do mesmo possessivo "Ihr" acrescido de terminações.
Können Sie mir Ihren Ausweis zeigen?  O sr. / A sra. pode me mostrar a sua identidade?

7) Ihnen (para o sr./ a sra. / os srs./ as sras. / vocês; lhe, lhes)
Tcharaaaaaaaan.. agora sim podemos explicar o "Wie geht's Ihnen?"

A essa altura o café já deve ter acabado e você já deve estar cansado.

Bem, assim como "ihnen" minúsculo é a forma do dativo do "sie" (plural), o "Ihnen" maiúsculo nada mais é que a forma do dativo do "Sie" maiúsculo.

Veja a mudança no significado das mesmas frases do número 5. A única diferença será a letra maiúscula: 
Er hilft Ihnen. Ele o/a ajuda. (Informal: Ele ajuda o sr./a sra.)
Wir fahren mit Ihnen nach Hause. Nós vamos para casa com o sr./a sra.
Ich habe von Ihnen nichts mehr gehört. Nunca mais ouvi falar do sr. / da sra.
Hat sie Ihnen die Blumen gegeben? Ela lhes (para o sr. / a sra.) deu as flores?

Resumo da ópera

Vejam pelo lado positivo, é um possessivo só para aprender :-) 

Agora o teste final. Descubra o significado das palavras marcadas em vermelho nas seguintes orações:

a) "Leute, das ist Aline und ihr Freund. Sie haben ein Handy hier verloren. Habt ihr ihr Handy gefunden?  Wenn ja, könnt ihr es ihnen geben". 
b) 
(Ich):      - Frau Meyer, das ist meine Schwester Tania und das ist ihr Mann André. 
(Aline):  - Es freut mich, Sie kennen zu lernen. Meine Eltern haben uns immer von Ihnen erzählt.
(Frau Meyer): - Es freut mich auch. Ich habe Ihre Eltern lange nicht mehr gesehen. Wie geht es ihnen denn? Wohnen sie immer noch in ihrem alten Haus?

25 de setembro de 2014

Como organizar um plano de estudo autodidata

Toda semana recebo mensagens de diferentes pessoas com mais ou menos os seguintes dizeres: "Oi, estou querendo aprender alemão, comprei uns livros, mas não faço a menor ideia de como proceder. Você poderia me dizer como devo fazer um plano de estudo?"

Bem, essa é uma daquelas perguntas que recebo com frequência e que são impossíveis de responder pelos seguintes motivos: como EU posso fazer um plano de estudo para VOCÊ sem saber absolutamente nada sobre você: não sei se você já estudou outra língua de forma autodidata, que materiais você tem à disposição, quanto tempo você tem para se dedicar, se você tem facilidade para aprender idiomas ou não etc. São TANTAS variáveis que acho impossível ajudar as pessoas a organizarem um plano de estudo. E mesmo assim não tenho tempo para dar essa assistência gratuita ... infelizmente... Time is money :-(

Mas posso dar algumas dicas que valem para todos:

1) Não é necessário ter milhares de materiais de estudo
Com a era da internet as pessoas têm acesso a muito material escaneado ou distribuído na internet de forma ilegal. Com essa facilidade de encontrar livros, há muitos aprendizes que saem baixando muitos gigabytes de livros, arquivos de áudio e lotando de materiais HDs internos e externos. Aqueles que ainda investem dinheiro na compra de livros, acabam também comprando muitos livros novos, apesar de já terem vários na estante, sempre na esperança de encontrar O MELHOR LIVRO. Mas a pergunta vale para todos? Qual a porcentagem de todos os livros de ensino de alemão que você tem no computador ou na estante você realmente leu pelo menos uns 80% de seu conteúdo?

Um monte de material de finlandês,
mas sem estudar a língua jamais entrará na cabeça.
Eu não estou condenando ninguém que faz isso. Eu mesmo já cometi o mesmo erro (por impulso). Alguns aqui sabem que eu “estudo” (entre outras) a língua finlandesa (apenas por hobby). Eu tenho mais de 10 livros de finlandês. Claro que eu dei uma “olhadinha” em todos eles. Mas meu nível de finlandês é o A1.1 (ou seja, eu não sei quase nada ainda, sei apenas o básico do básico para conversação). Então de que me adiantam tantos livros de finlandês, se eles ficam apenas como enfeite na estante? Eu DEFINITIVAMENTE não preciso mais comprar livros de finlandês. Falta apenas criar vergonha na cara para estudar.

Então pra começar os estudos escolha UM (no máximo DOIS) livros que você queira usar como método de estudo, ou seja, aquele livro que você vai seguir capítulo por capítulo. Se você tiver mais materiais, deixe-os guardados e use-os apenas para consulta ou para reforçar conteúdos que não ficaram claros no livro que você escolheu para ser o principal. Nada de ficar seguindo 4-5 métodos diferentes com materiais diferentes. Isso parece produtivo, mas cada livro pode seguir uma progressão bastante diferente, trazendo mais confusão.

2) Não existe O MELHOR método
Pare de acreditar que existe O MELHOR método de aprendizado. Isso é papo de marketing de escolas de idiomas. Cada pessoa é diferente e aprende de forma diferente. O que é melhor pra um pode não funcionar com outros. Há pessoas que aprendem lendo, outras estudando gramática, outras viajando pro país e ouvindo etc. Isso varia de pessoa para pessoa. Claro que isso não impede ninguém de buscar dicas de aprendizes de sucesso. Se você já tiver aprendido um idioma, reflita um pouco sobre o que você fez para aprendê-lo, veja as técnicas que deram certo e tente aplicá-las para o alemão. Se alemão for o primeiro idioma estrangeiro, experimente um método e veja se traz resultados. Depois vá utilizando aquilo que dá certo e te deixa motivado e vá deixando de lado as coisas que te deixam confuso. Não acredite que a compra de um único livro ou de um único app vá te levar à fluência. Isso não existe. Mesmo que haja um livro muito bom, a fluência você só vai conseguir quando começar a praticar a língua com os falantes do idioma. Você vai começar cometendo erros. Através dos erros você vai descobrindo seus pontos falhos e voltará aos estudos para tentar aperfeiçoar sua capacidade de falar um idioma. É assim que se faz: estudo - prática - erros - estudo - prática - erros etc. Não fique só nos livros, teste-se usando a língua na prática.

3) Há muitos livros bons de alemão no mercado
Quando se está começando a estudar um idioma, a primeira pergunta que uma pessoa se faz é "Qual livro?" (Hoje em dia também "Qual app?"). Bem, o chato é que 80% das pessoas espera que nós indiquemos um livro maravilhoso e milagroso. E é por essa razão que eu simplesmente não indico livro nenhum. Eu posso ir para uma livraria com alguém para a sessão de Alemão como Língua Estrangeira, tirar vários livros da prateleira e dizer os pontos positivos de cada um (quem morar em Bremen e quiser um dia comigo numa livraria, eu posso mesmo fazer isso rsrsrs).

As principais editoras da Alemanha vivem publicando novos livros de DaF (Alemão como Língua Estrangeira). Todo ano recebo vários catálogos e livros novíssimos prometendo ser o que há de mais moderno e inovador. Na realidade, um aluno de um curso de língua não consegue absorver tudo que um livro contém. É por isso que, na prática, tanto faz qual livro. Você tem que gostar do livro (tem que gostar dos diálogos, achar o livro bonito, interessante, ter vontade de trabalhar com o livro, de fazer os exercícios etc.). Se você GOSTAR de trabalhar com o livro, já é meio caminho andado. Às vezes o livro de que o professor gosta, não agrada aos alunos. Se você for autodidata, escolha um que lhe agrade, que tenha muitos exercícios e que tenha as respostas pra você conferir se está fazendo os exercícios corretamente.

P.S. Escrever à mão traz mais resultados que estudando só no computador. Veja aqui.

4) Trace objetivos antes de começar a estudar
Alice (aquela do País das Maravilhas) encontra um caminho bifurcado. O Gato que Ri aparece. Alice então diz:
- Você poderia me dizer, por gentileza, como é que eu faço pra sair daqui?
- Isso depende muito de para onde você pretende ir - disse o Gato.
- Para mim tanto faz para onde quer que seja...-respondeu Alice.
- Então, pouco importa o caminho que você tome - disse o Gato.

Sei que soa meio piegas, mas a moral é essa mesma. Se você não sabe o que quer aprender, tanto faz qual livro, qual método. Pegue qualquer um e vá estudando de acordo com o que o livro lhe diz que é importante aprender. Mas se você sabe o que quer aprender (por exemplo: você quer passar na prova onDaF, você quer entender filmes em alemão, você quer paquerar um(a) alemã(o) na balada, você quer fazer faculdade na Alemanha, você quer não precisar falar inglês durante uma viagem à Alemanha etc.) Seja qual for o seu objetivo, tenha-o em mente ao começar seus estudos. Se for um objetivo grande, tente traçar objetivos a curto prazo. (Por exemplo: se seu objetivo for não falar inglês na Alemanha mesmo numa viagem a turismo, trace vários objetivos de aprender a se comunicar em todas as situações turísticas: restaurante, estação de trem, perguntar por direções etc.). Se seu objetivo for apenas “falar alemão”, tente ser mais específico... falar alemão pra quê? Com quem? Com gente jovem usando gírias ou com um futuro chefe de uma multinacional? Você quer só saber bater papo no Facebook ou quer ser capaz de escrever uma tese de doutorado em alemão? Tudo isso vai fazer diferença no esforço que você aplicará ao estudar.

P.S. ESCREVA SEUS OBJETIVOS em algum lugar visível. Sempre que for estudar, tenha-os sempre em mente.

5) Seja constante
É melhor estudar 30 minutos diários de segunda a sábado do que estudar três horas uma vez por semana. Quer uma ajuda para ser constante? Instale o app do Duolingo no seu smartphone. O app te lembra todos os dias que você tem que estudar. Se você tiver um nível avançado talvez o app do Duolingo não seja uma boa opção. Nesse caso seria bom ter um livro em alemão para ler nas horas vagas. Melhor ter contato todos os dias com o idioma do que apenas esporadicamente. Planeje um dia de folga nos estudos. Todo mundo merece um dia de descanso.

6) Pare de dizer que você não tem tempo
Você TEM tempo. O problema é que alemão ainda não é sua prioridade. No dia em que isso for prioridade você arranjará tempo. Eu sei que tem gente que tem filhos, família, trabalha o dia todo e depois está exausto para estudar? Mas vamos ser bem sinceros: se a sua agenda está tão cheia de coisas importantíssimas, por que você quer aprender alemão? Pense nos motivos para aprender o idioma e verifique se não dá pra substituir as horas gastas no Facebook ou assistindo à sua série favorita com horas estudando uma língua. Faça uma lista de prioridade. Organize-se. De qualquer forma, ninguém pode dizer o que tem mais prioridade na sua vida, a não ser você. A gente sempre arranja tempo para aquilo que é prioridade.
Se mesmo assim você se vir preso com o seu tempo, tente conseguir cursos de áudio para ouvir no carro/no ônibus/no metrô a caminho do trabalho ou enquanto estiver correndo no parque. Para os que sabem inglês, por exemplo, os cursos de Michel Thomas e do Pimsleur são cursos de áudio bem cotados. As aulas do Pismleur, por exemplo, são de meia hora.

7) Peça a ajuda de profissionais
Sei que a situação financeira de ninguém está fácil. Nem todo mundo tem dinheiro para pagar um curso caro de alemão, mas existem pessoas formadas como professores de alemão, ou seja, gente que estudou vários anos para dar aulas desse idioma. Se você se sentir perdido durante os seus estudos autodidatas, que tal contratar os serviços de um professor particular? Tá, eu sei, professor particular é caro, mas você pode contratar uma ou duas horas para tirar suas dúvidas, ver no que você precisa melhorar ou até mesmo para te ajudar a traçar um plano de estudo. Nem tudo na vida se consegue de graça. O nosso blog oferece muita informação gratuita, mas ainda assim você também pode doar (há um botão à esquerda) caso ache que o trabalho feito aqui seja de qualidade. Tenho certeza de que você não ficará mais pobre se pagar uma hora de aula particular. Valorize os professores. Se na sua cidade não houver professor, verifique a possibilidade de contratar um professor que dê aulas por Skype. Se você fizer questão de contratar um professor nativo, verifique se a pessoa tem o mínimo de formação para dar aula. Nem todo mundo que é nativo de uma língua sabe dar aula daquela língua.

Se você nunca tiver estudado uma língua sozinho, aconselho a procurar ajuda de um profissional pelo menos para lhe dar um rumo nos estudos.

8) Adapte seus estudos às suas necessidades
Não deixe os livros decidirem sempre o que você tem que aprender. No meu curso de português eu uso um determinado livro. Mas eu pulo umas duas lições do livro, pois percebi que o conteúdo que elas abordam é de menos importância para os meus alunos. Há uma lição, por exemplo, em que eles ensinam como reservar quartos em hotéis. É um assunto importante. Bem, meus alunos quase nunca vão ao Brasil a turismo. Geralmente vão fazer intercâmbio. Prefiro ensinar mais tarde aos meus alunos como procurar anúncios de quartos em república pela internet. Isso é uma forma de adaptação da progressão de um livro.
Há livros mais antigos que ensinam como comprar selos no correio e enviar uma carta. Muitos dos jovens nunca enviaram uma carta. Eu já dei aula para uma adolescente que nem sabia para que serviam os selos. Se você vir uma lição que trate exclusivamente sobre os Correios, pode ser que você decida não passar muito tempo nela.
Resumo da ópera: não se sinta obrigado a estudar TODAS as lições de um livro, mas observe pelo menos se naquela lição há conteúdo gramatical relevante antes de passar para a próxima.

9) Faça um balanço entre as competências linguísticas
Aprender um idioma requer aprender muitas habilidades: ler, escrever, falar (monólogo/diálogo), ouvir. Há pessoas que querem aprender uma língua apenas para ler. Outros querem aprender só a conversar, mas não querem escrever muito. O ruim é que os cursos de línguas e os livros didáticos tentam preparar a pessoa para usar todas as habilidades. Ou seja, livros bons têm arquivos de áudio e exercícios para escrever. É importante que você tenha o foco nas habilidades que você mais quer (por exemplo, falar/ouvir), mas se um dia você precisar ser testado sobre o seu nível, esteja ciente de que outras habilidades poderão ser pedidas. Uma pessoa pode entender quase tudo o que se diz, mesmo assim ser um B1+ quando fala e quando escreve tem um A2. Cada habilidade pode se desenvolver de forma independente.
No ENEM/Vestibular, por exemplo, a prova de Redação é uma das provas que elimina muitos candidatos. Estamos falando aqui de falantes nativos de português que não conseguem organizar ideais num texto coeso na língua materna. Pois bem, agora imagine que você consiga chegar num bom nível de conversação em alemão, mas negligencie a parte escrita. Se um dia alguém quiser testar seu nível, pode ser que isso te prejudique. O melhor é treinar todas as habilidades.

Para finalizar: Como organizar um plano de estudo.


1) Pergunte-se primeiro sobre O QUE e POR QUE você quer aprender. Escreva isso num papel (é sério.. escreva o seu objetivo num papel).
2) Depois de saber o que quer aprender, procure materiais. Escolha o livro que mais lhe agradar e trabalhe com ele. Tenha outros materiais (gramáticas, por exemplo) como consulta, mas não siga muitos métodos ao mesmo tempo. Dê preferência a métodos modernos e comunicativos.
3) Tente praticar a língua com falantes o mais cedo possível, pois nenhum livro/app vai te tornar fluente. Cometa erros sem medo. Os erros é que vão te fazer acertar depois.
4) Estude regularmente. O tempo de estudo varia de pessoa para pessoa. Acho que 30 minutos diários sem distrações é um tempo bom e realista para a maioria das pessoas. Desligue o celular durante esse tempo e evite distrações (internet). Dê preferência a livros de papel para evitar distrações.
5) Nos dias em que você não estudar, mantenha o contato com a língua através de músicas, apps etc.
6) Trace objetivos a curto prazo e mantenha sempre os seus objetivos em mente para controlar o seu sucesso.
7) Treine todas as habilidades (falar/ler/ouvir/escrever). Exceção: se seu objetivo for treinar só 1-2 habilidade(s), mantenha o foco nestas, mas não deixe as outras de lado completamente.
8) Peça ajuda esporádica a um profissional para tirar dúvidas ou para que ele avalie o que você já fez e te ajude a traçar um rumo nos estudos.

Bem, espero que essas tenham sido dicas úteis. Agora que você já tem os materiais, mãos à obra.
Quer dicas de gramáticas? Clique aqui.
Quer dicas de dicionários? Clique aqui.
Quer saber onde comprar livros de alemão? Clique aqui.

6 de setembro de 2014

Aprender/Aperfeiçoar alemão durante o CsF - Ciência sem Fronteiras

Desde que o Ciência sem Fronteiras começou, conheci muitos brasileiros fazendo intercâmbio aqui na Alemanha. Na verdade, eu achei fantástico ver tantos brasileiros estudando aqui. Aos poucos fui conhecendo estudantes de todo tipo. Tanto os que vieram para estudar mesmo e crescer academicamente, quanto os que aparentavam ter vindo para fazer um passeio. Conheci gente falando alemão impecável, como também aqueles que só saíam com brasileiros e já desistiram de aprender alemão assim que tiveram a primeira dificuldade de comunicação. Eu comecei a ficar triste quando comecei a saber de casos em que brasileiros estavam voltando de um intercâmbio de 12 ou 18 meses na Alemanha sem saber alemão. Mas sempre achei injusto apontarem o dedo para todos os participantes do CsF chamando-os de "turistas" (afinal, eu também fui estudante aqui e viajei BASTANTE. Quem sou eu pra julgar?)

Por isso, pedi para que alguns estudantes do CsF contassem seus relatos de como aprenderam/aperfeiçoaram seu alemão aqui. Espero que esses relatos possam ajudar os novos bolsistas a não cometerem os mesmos erros e se espelharem nos bons exemplos. E espero que esse link sempre seja enviado para aqueles que acusam todos os estudantes de fazerem apenas turismo.

Já aviso de antemão, os textos são longos. Por isso, você pode selecionar as experiências que você quer ler baseada na cidade onde a pessoa estuda/estudou ou no conhecimento de alemão que trouxe ao chegar, basta clicar no nome da pessoa para ir direto ao texto. Para quem quiser ler só os conselhos que eles deram, é só ler os trechos em vermelho.

Nome Cidade Conhecimento de Alemão
No início Atualmente
João Henrique F. Moura Karlsruhe, Baviera B1 + C1/C2
Matheus C. Lopes Deggendorf, Baviera B2/C1 C1
Fernando Almeida Schmalkalden, Turíngia B1 Conversação
(Anônimo 1) Dortmund, NRW Zero + 6 meses de curso (B2) B2/C1




André L. de Oliveira Viena, Áustria B1 B2.2/C1.1
Paulo Alexandre Erlangen, Baviera A1/A2 B2.1
Marcelo Pimenta Leipzig, Saxônia A1/A2 ---
Bia Alper Schmalkalden, Turíngia A1 B1/B2

1) João Henrique F. Moura
1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos



Me chamo João Henrique F. Moura, 21 anos e estudo Engenharia Química na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Fui para a Alemanha no início de 2013 e fiquei um ano morando em Karlsruhe - BW e estudando no KIT (Karlsruher Institut für Technologie)

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 

Comecei a estudar alemão em meados de 2010 e tentei não parar, na medida do possível (na época do vestibular fica mais complicado).
Eu particularmente nunca dependi muito das aulas nas escolas de idioma pra aprender, usava elas mais como um apoio, um lugar pra tirar dúvidas. Sempre aprendi coisas novas na internet, inclusive no blog Quero Aprender Alemão. Tem muita fonte boa e confiável de informação por aí, é só procurar.
Fiz o OnDaF na metade de 2012 e na época consegui B2 fazendo 67%. Foi uma surpresa, porque eu não acho que eu realmente tinha um B2 na época, diria B1+. Mas como a maioria sabe, uma boa dose de sorte no OnDaF pode ajudar e muito. 

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 

Conseguia me comunicar bem em lugares como padaria, mercado, mensa e ambientes informais na universidade. Vocabulário às vezes faltava, mas dava pra explicar o que eu queria.
Os maiores problemas foram em locais mais formais como na hora de abrir conta em banco, fazer registro na cidade, imigração, etc.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)

Não fiz nenhuma matéria em inglês, apenas em alemão. No primeiro semestre eu escolhi umas 10 matérias para ir na primeira semana e selecionei as que eu faria de acordo com a clareza e velocidade da fala do professor hahaha. Percebi que era muito mais fácil entender as mulheres, mas isso talvez tenha sido coincidência. 
Mesmo assim tive dificuldade com algumas que falavam relativamente rápido, e os termos técnicos acabavam complicando um pouco no início.
No segundo semestre consegui acompanhar mais facilmente e cheguei a fazer uma matéria bem complicada com um senhor de mais de 70 anos, com pouca clareza na pronúncia. A aula em si já não era mais problema, mas as piadas do professor eu nunca entendia, e ficava quieto enquanto todo mundo ria, hahaha. 


5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na 
faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)?

Como não quis parar de estudar o idioma estando la, até porque convivi muito com brasileiros e não praticava muito no dia-a-dia, resolvi fazer um curso regular de alemão.
No primeiro semestre fiz um curso de nível C1 e no segundo semestre um curso C2. 
Aprendi muita coisa no primeiro curso, mas o segundo curso tinha temas muito específicos (vocabulário jurídico, médico, etc), e algumas vezes não me interessei muito pela aula.
Convivi com pessoas de vários países na moradia e alternava entre inglês e alemão, dependendo do nível da outra pessoa. No geral pratiquei pouco em casa.
Acabei aprendendo bastante alemão em um curso de francês que fiz, por mais irônico que isso possa ser hahaha. Tive uma tandem-partner que queria aprender português e como eu não tinha dúvidas gramaticais do alemão, treinei enquanto ensinava a gramática do português em alemão (a frase ficou confusa mas acho que deu pra entender hahaha)

 6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?

No meu último mês lá quis fazer um prova do goethe para ter um certificado de proficiência. Na hora fiquei em dúvida entre o C1 e o C2, mas como tive medo de patinar no C2 e não ter tempo para tentar de novo, optei pelo C1. Fiz a prova e obtive 92.5% na nota final, o que me deixou bem satisfeito. Demonstra um bom domínio do idioma no nível C1.
Ao chegar no Brasil fui contratado por uma escola e lecionei o idioma por 6 meses. Foi ótimo poder passa para outros o que eu aprendi ao longo desses anos e foi fácil perceber as dúvidas e dificuldades, principalmente porque eu já passei por aquilo, como eles.
Hoje, 6 meses após meu retorno ao Brasil, já está bem claro que perdi um pouco do idioma (por culpa minha, que não tenho lido/escutado muito em alemão). Acho que continuo com um C1 mas a fala já não está mais tão clara como já foi. 

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?

Estudem da forma que vocês consideram mais produtiva, mas não deixem de usar ferramentas online para aumentar vocabulário e melhorar a gramática. 
Não se preocupem em aprender vocabulário técnico porque muitas palavras são similares e você terá um tempo para aprender isso em sala de aula, você não vai precisar conhecer tudo antes da aula começar. Foque na vida cotidiana para facilitar a adaptação por lá e não deixe de estudar depois que estiver na Alemanha :)
Fora isso, para aqueles que tem medo de ir porque estão com um nível baixo (A2, por exemplo), não tem problema! Vários amigos meus foram para la sabendo muito pouco de alemão e no final estavam passando em provas orais/escritas em alemão dos mais diversos temas de seus cursos.

Bom, acho que era isso! Espero ter ajudado de alguma forma :)

2) Matheus C. Lopes
Primeiramente, parabéns pela bela iniciativa de realizar este questionário, é importante as pessoas conhecerem, como você mesmo disse, o trigo em meio ao joio. E eu posso garantir que somos muito mais do que se imagina.

Meu nome é Matheus Canale, 22 anos, estudante de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI USP). Atualmente moro numa cidade chamada Deggendorf, no estado da Baviera (Bayern), e estudo na Technische Hochschule Deggendorf (THD). Cheguei na Alemanha em janeiro de 2014, diretamente para a faculdade, e permaneço aqui até fevereiro de 2015.

Desde criança estudei no mesmo colégio, Colégio Imperatriz Leopoldina (CIL), na zona norte de São Paulo, onde nasci e sempre vivi. Lá tive aulas de alemão desde o jardim de infância e isso me fez ter, desde bem pequeno, uma ligação muito forte com o idioma.
Por ser um colégio alemão, tive a oportunidade de prestar testes de proficiência durante minha vida escolar, começando já na quarta série (atual quinto ano). E assim foi, ano após ano, até que em 2008, no segundo ano do ensino médio, tirei meu diploma de C1, o chamda DSD 2 (Deutsches Sprachdiplom der Kultusministerkonferenz).

Quando me inscrevi no programa CsF, resolvi prestar o OnDaf mesmo já tendo um certificado válido para o programa. Achei melhor por ser um documento mais recente. Minha nota foi B2 (114 pontos, 71,25% dos pontos).

Quando cheguei por aqui, como já tinha um conhecimento razoável, tive uma melhora muito grande logo nos primeiros meses! Todo o conhecimento que a escola tinha me dado e que estava enferrujado dentro de mim, foi, aos poucos, desoxidando. O curso intensivo de 9 semanas oferecido pela THD foi de extrema importância nesse processo.

Porém, como nem tudo são flores, o semestre começou...

Mas antes disso, preciso lhes apresentar um tal de "Bayrisch":
Como todos devem saber, na Alemanha existem diferentes dialetos, resultados de diferentes nações germânicas que se juntaram para formar a Alemanha.
Atualmente em grandes cidades alemãs, raramente se ouvem os tais dialetos. Porém, como disse anteriormente em meu relato, moro em Deggendorf (cidade pequena, cerca de 35mil habitantes), em Bayern (estado com forte ligação à cultura tradicional).
Ou seja, Bayrisch pra lá e pra cá! Em todo lugar, literalmente!

Voltando ao semestre na faculdade... Meu plano inicial era cursar 3 disciplinas em alemão e 2 em inglês, pra não ficar tão pesado e conseguir aproveitá-las ao máximo. Além é claro, da disciplina de alemão, propriamente dito.
Acontece que em duas delas, eu simplesmente não entendia os professores. Um deles falava Bayrisch, e o outro tentava um Hochdeutsch, mas logo já votava ao dialeto.

Deixando esses problemas de lado, a melhor maneira que encontrei de praticar o idioma foi saindo com os amigos, seja para bares, baladas, partidas de futebol, etc. Sempre encontramos amigos alemães (os jovens universitários falam um Hochdeutsch muito bom!) e conversamos bastante, eles se mostram muito dispostos a nos ajudar com qualquer dúvida que possamos ter!

Hoje, após 8 meses de experiência, considero que meu alemão evoluiu muito! Algo que eu achava difícil de acontecer, justamente por ouvir histórias de que aqui só se fala português, CsF é uma várzea, essas coisas... Eu considero que honro o meu diploma de 2008 e possuo de fato um nível C1, principalmente na parte oral, a qual estou desempenhando muito bem.

Uma dica para os novos que chegam: FALEM ALEMÃO!
Falem errado no começo, mas falem alemão. Sejam corrigidos a cada frase, mas falem alemão. Fiquem vermelhos com a reação do outro ao ouvir você falar, mas falem alemão! Não tem outra maneira de aprender, não tenham medo, se esforcem, tracem objetivos, estudem o idioma!

Mais uma vez, o meu agradecimento pela bela oportunidade oferecida pelo blog Quero Aprender Alemão, iniciativa excepcional!

Estou à disposição para quem quiser vir conversar, tirar dúvidas do CsF, ou até mesmo praticar um pouquinho o idioma! Podem me mandar mensagens pelo Facebook!

Herzliche Grüße,

Matheus Canale

3) Fernando Almeida

1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos
    Sou estudante de Eng.Mecânica pela UNESP e fui, pelo CsF (fevereiro 2013 – março 2014), estudar em Schmalkalden, Thüringen. Lá fiz matérias de engenharia como: (2 matérias) Simulação em ANSYS (inglês/alemão), dinamica automobilistica (inglês), metrologia (alemão), energias renovaveis (inglês), motores (alemão), vibrações (alemão) e transmissões (alemão) (além de curso de alemão B1, B2+. Lá tentei um estágio, procurei muito, mas só consegui uma entrevista e a posição exigia alemão fluente para falar com todos os funcionarios (isso em junho de 2013).

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF?
    No OnDaf tirei B1, porém eu nunca tive a oportunidade de conversar em alemão, muito menos vivenciar o idioma.

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses?
    Eu só usava o idioma alemão, seja para comprar no supermercado quanto falar com professores. Só em casos em que eu realmente não entendia o sotaque ou quando se tratava de assuntos importantes (seguro, por exemplo) eu falava em inglês. Também falava em inglês com os outros estrangeiros que não sabiam alemão. Com os que sabiam, só alemão.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
    Fiz matérias em alemão e em inglês (como escrito na 1). Escolhi as matérias que me interessavam e que não chocassem os horários.

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)?
    Curso intensivo de 2meses ao chegar na faculdade (que foi horrivel, mas isso nao vem ao caso), curso de idioma durante o ano também na faculdade, um grande amigo alemão, jogava bola num time e só conversava com as pessoas em alemão, ouvia musicas, comprei muitos gibis, seriados e filmes em alemão (Ebay rules!).

6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?
    Quero melhorar, porém eu realmente não tenho tempo por causa da faculdade. Hoje em dia consigo conversar com alemães, lógico que não sobre todos os temas possíveis e, talvez, não do jeito que eu quero (100% natural), porém tenho altas conversas por skype com meu amigo alemão. Meu maior problema é a audição, mas acredito que é um problema meu, de atenção ou algo do tipo, pois até em inglês tenho dificuldades com isso.

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?
    É impossivel não falar em português, afinal tem muuuuuuitos brasileiros lá. Porém procure clubes, times, algo que faça se incluir no mundo dos alemães... Forçar uma amizade é errado ao meu ver, mas nada impede de procurar eles nesses grupos Alegre Além disso, falaria pra parar de frescura desse negócio de não consigo, é difícil e tals kkkk


Espero que eu possa ter te ajudado.

4) (Anônimo)

1) Curso engenharia civil no Brasil. Concluí o sétimo semestre antes de sair do Brasil. Sou da reopção de Portugal.


2) Eu cheguei sem falar alemão ou inglês. Depois do curso de 6 meses fui aprovado no exame B2 do TELC (Lesen-Hörenverstehen, Schriftlicher Ausdruck e Sprechen) com nota "Gut" (262 de 300 pontos)

3) Nos primeiros meses o contado com o alemão se deu praticamente apenas nas aulas de idioma, ou seja, a comunicação fora da aula demorou uns 4 meses para começar a fluir um pouco melhor.

4) Sim, precisei. Eu escolhi apenas aulas em alemão por não saber inglês.

5) Eu tentei morar com alemães, mas não consegui (ainda estou na Alemanha, Dortmund). Li livros daqueles resumos de histórias para quem está aprendendo alemão e frequentava seu blog também. Depois comecei a acompanhar canais no youtube em alemão, trabalhar com letras de músicas e com a revista Deutsch Perfekt. Consegui fazer alguns amigos alemães e encontrei também uma Tandem-Partnerin.
 Fiz um curso intensivo aqui. Pelo curso eu sai com um nível B2, com algumas falhas. Hoje tento construir um bom nível C1, mas não faço mais cursos.

6) Meu alemão agora tem um nível B2/C1. Diria que um nivel B2/C1 para lesen und Schreiben e um nível de B2 para Hören und Sprechen. Infelizmente não consegui encontrar uma atividade onde eu usasse o alemão de maneira ativa diariamente.
 Eu quero melhorar meu alemão no Brasil, no mínimo mante-lo. Cada período que eu fico sem utiliza-lo aqui na Alemanha eu já sinto que piora. Meu medo é voltar para o Brasil, não ter a mesma oportunidade de usa-lo como eu tenho aqui e esquecer um monte de coisas, como já vi acontecer com algumas pessoas.

7) A dica que eu posso dar é  procurar contatos com os alemães em grupos de jovens religiosos, mesmo não seguindo uma religião, que foi o meu caso. Eles são muito receptivos e costumam tratar muito bem quem acabou de chegar. São pacientes para conversar em alemão e te ajudam a se integrar. Através deles conheci outras pessoas e com essas novas pessoas pude fazer outras atividades. 


Parabéns pelo Trabalho que faz no blog, já me ajudou muitas vezes, principalmente quando um tema não ficava claro em sala de aula.


5) André L. de Oliveira
Servus,

Wie geht es Dir? Ich stelle mich kurz vor :)


Meu nome é André Luiz de Oliveira, e atualmente eu faço doutorado na Universidade de Viena. Eu estou vivendo em Viena desde janeiro desse ano, ou seja nove meses e algumas semanas aproximadamente. Eu sou Biólogo, formado pela Universidade Federal de Ouro Preto e Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo. A minha área de pesquisa é Bioinformática, uma mistura de biologia molecular, genética, ciências da computação e um pouco de estatística. Eu estudo evolução molecular em várias espécies moluscos.

Atualmente o meu nível no idioma alemão é B2.2, e teoricamente eu irei iniciar o nível avançado no mês que vem C1.1. Todavia, eu acredito que preciso de um pouco mais de estudos. Esse último semestre foi muito puxado, e eu não consegui me dedicar tanto quanto eu gostaria.


Quando eu cheguei a Viena o meu nível de alemão era pré-intermediário B1 e tenho que confessar que os dois primeiros meses foram quase como um pesadelo para mim. As pessoas aqui na cidade falam um dialeto do alemão chamado Wienerisch, e até hoje eu não consigo entender muito bem. De acordo com as minhas pesquisas o "Wienerisch Dialekt" é uma mistura de Jiddisch, Rotweisch, Französisch, e Tcheschisch.

Nos dois primeiros meses do meu Doutorado, eu praticamente fiquei resolvendo problemas burocráticos como visto, seguro-saúde, e todas as pendências com a Universidade de Viena. Apesar de o idioma oficial do meu curso ser inglês, a maioria das pessoas com que eu precisei me relacionar para resolver esses problemas burocráticos não sabiam falar inglês, ou pelo menos não queriam. Basicamente tudo que eu precisava fazer era realizado em duas etapas, por exemplo: quando fui ao Magistrat para resolver os problemas com o meu visto, eu levei um bloquinho de notas e tentei conversar em alemão/inglês com as pessoas, e todas as palavras que eu não entendia eu anotava no caderninho, ou pedia para a pessoa escrever. Eu voltava com todas essas informações para a Universidade, tirava as dúvidas com os meus colegas, e depois retornava ao Magistrat mais uma vez para tentar resolver os problemas. Essa foi minha rotina no meu início aqui na Áustria.

De janeiro até aqui eu sempre tento me comunicar em alemão, eu me forço a isso, por mais constrangedor que possa parecer de vez em quando. Obviamente, apresentações, seminários, e compromissos acadêmicos eu realizo ainda no idioma em inglês. Ainda não tenho o domínio necessário do idioma alemão para realizar uma palestra totalmente nesse idioma. Eu realizei até o momento três cursos de alemão B1.2, B2.1 e B2.2, e eu posso perceber que a dificuldade no idioma não é exclusivamente minha, o que me animou a falar e aprender o idioma. Eu vi que não era a única pessoa sofrendo para entender o idioma, e isso foi bom para eu conseguir me "soltar" mais por aqui.

Como dito anteriomente, as disciplinas, seminários e apresentações no meu Departamento são em inglês (cerca de 90%), porém, isso não apagou a minha vontade de aprender alemão. Eu realmente sou fascinado com o idioma, e eu vejo o quanto as pessoas aqui apreciam quem tenta aprender. Um ponto positivo é o incentivo que eu recebo por aqui por parte dos meus colegas e professores. Todos sempre elogiam a minha vontade de aprender, e falam que o meu alemão está melhorando com o  tempo. Eu sou um pouco cético quanto a isso, mas isso me faz querer aprender sempre mais. Hoje em dia, eu converso com todo mundo quase que exclusivamente em alemão, e as pessoas do meu Departamento se forçam a falar Hochdeutsch comigo ao invés do dialeto, e isso tem me ajudado bastante. Estou tentando arranhar algumas coisas em Wienerisch, isso tem me auxiliado um pouco também.

O meu conselho para os novos bolsistas em relação ao idioma é: APRENDA o idioma. A vida no exterior é mais do que palestras, cursos e seminários na Universidade, é a sua relação com o patrimônio cultural do país. E isso inclui aprender o idioma, aprender os costumes, e até mesmo o dialeto local (estou tentando me esforçar nessa última parte).

Um grande abraço e parabéns pela iniciativa. E para finalizar o e-mail um pouco de Wienerisch em uma situação bem corriqueira aqui em Viena:

- Servus, Zwa Leberkas bitte!
- Siaß oda Schoaf?


Mit freundlichen Grüßen

6) Paulo Alexandre
1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos

Sou de Manaus. Sou formado em técnico em química pelo CEFET-AM e ingressei graduação de engenharia química na UFAM (Federal do meu estado). Logo que estrei na faculdade resolvi me dedicar a idiomas, coisa que enrolei sempre. Cursei um curso de ingles intensivo e viajei para os EUA. e logo em seguida, quando voltei pra Manaus, comecei a estudar Alemão no consulado da Suíça e espanhol em uma outra escola. depois de um ano resolvi escolher uma das duas porque era dificil aprender dois idiomas ao mesmo tempo. continuei no alemão

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 
Estudei 2 anos alemão (3h por semana), mas a didatica era muito tecnicista, a base do decoreba. todo capitulo tinha uma lista de umas 30 palavras pra se decorar. Nao consegui aprender muito assim. Quando decidi fazer o Csf iniciei um estudo dirigido. decidir me focar nas declinações dos artigos e dos adjetivos e o pronome relativo. e lia semanalmente 3 textos da DW com a ajuda do dicionário. consegui assim, atingir o A2 no onDaf. 

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 
Logo quando cheguei foi uma sensação horrível, não conseguia pedir uma água no restaurante direito. todo mundo sempre mudava pro inglês logo em seguida e isso me deixa mais ainda pra baixo. acho que em torno do final do segundo mês eu já conseguia pelo menos falar o que eu queria no restaurante sem problemas. Logo quando cheguei comecei um curso intensivo de 2 meses de idioma. A aula era toda em alemão e eu senti muita dificuldade na primeira semana. depois peguei o ritmo.  a experiencia de conviver com pessoas do mundo todo em uma sala de aula foi muito enriquecedora. atingi o nivel B1. no quarto mês teve uma festa de alguns brasileiros e conheci alguns nativos lá. não sei se foi por causa da bebida que perdi a vergonha mas passei a noite conversando em alemão com algumas pessoas. eu sabia muito bem que falava mutia coisa errada mas eles me entendiam e no fim é isso que importava. 

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
durante o primeiro período eu escolhi fazer 3 matérias do mestrado. uma era em inglês e duas em alemão. primeira aula foi devastadora. me senti um burro. mas no final do período já conseguia acompanhar a aula. as provas eram orais e mesmo falando muito erro o professor entendia. minha menor nota foi 2. mas tive que estudar muito só. passei finais de semana na biblioteca tentando aprender. Nesse segundo semestre (eu ainda estou em intercambio) eu irei fazer 2 aulas em alemão e várias aulas práticas. com essas aulas práticas imagino que usarei o alemão muito mais. Farei meu TCC (trabalho de conclusão do curso - Bachelorarbeit) aqui tb, o TCC será em ingles, pq todo mundo faz em ingles. percebi que esse intercambio nao me ajudou apenas com o alemão mas com todas as 3 línguas estrangeiras que havia aprendido apesar de hoje em dia querer de vez em quando colocar o verbo do inglês no fim da frase, estranhar a falta de declinações e principalmente entranhar chamar o professor de you. 

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)? 

fiz esse curso intensivo que atingi o B1. na universidade fiz um allgemeiner Kurs durante o semestre novamente de B1 só que agora com foco na cultura alemã (mas acabou sendo só sobre cultura Franken já que moro em Erlangen) e fiz também um mündlicher Ausdruckkurs mas nao foi muito util. turma era muito cheia e eu praticava pouco mas conseguir fazer um Referat sobre os problemas sociais do brasil sem menor problema. e agora durante as ferias estou fazendo o B2.1 e durante o periodo pretendo fazer o B2.2. pretendo voltar da alemanha com o nivel algo em torno de C1.  


6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?

Hoje ainda possuo muitos erros de declinação, mas mais por falta de atenção. erro até em português por isso (desculpa os erros, já de antemão). quando eu releio o que fiz eu consigo identificar o erro e começo a sentir a língua, por exemplo... Isso não está soando bem acho que deve ter algum erro. mas, hoje o maior problema é falar. Na hora de falar eu esqueço declinação e posição de verbo. no entanto eu consigo conversar sobre qualquer coisa. Já discuti de politica a trocar um pneu. faltou uma palavra ou outra mas consegui explicar e me fazer entender. A professora diz que isso "kommt mit der Zeit". Assim espero. 
Eu já comprei vários livros em alemão pra quando voltar e ter tempo, pretendo comprar alguns filmes também. e pretendo principalmente dar aula pro primeiros níveis. revisar o vocabulário básico e me preparar pra aula vai me ajudar muito a aprender. Hoje tenho buscado na internet filmes em alemão com legendas em inglês. ou escutado o radio em alemão.  Infelizmente moro em Franken e eles são mais fechado que o normal aqui. difícil fazer amizade com alemão.. Sobre outros alunos... As principais amizades sao com os alunos do Erasmus que geralmente vem de outra parte da europa. mas eles quase não falam alemão ou preferem falar inglês. Queria ter algum alemão mais próximo. 

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?

Não tenha vergonha. esse é o pior entrava pra aprender o novo idioma. Quantas vezes vamos pro Kneipe e chega algum alemao querendo conversar e metade dos brasileiros conversam entre si e reclamam do alemão e a outros 40% ficam só ouvindo. sem falar nada. nao adianta vir pra Alemanha e só fazer amizade com brasileiro e não falar alemão por medo de errar.  

7) Marcelo Pimenta
1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos

Meu nome é Marcelo Pimenta Filho, sou estudante de Engenharia Elétrica da UFBA e atualmente sou bolsista CSF aqui na Alemanha e estou estudando alemão pelo Interdaf em Leipzig

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 
Meu nível de alemão antes de vim para cá era básico, tirei A2 no Ondaf

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 
Minha comunicação em alemão nos primeiros dias foi muito difícil, eu realmente não conseguia entender nada do que eles me falavam.Porém após 1 semana e 2 dias aqui, algumas coisas eu já consigo entender e falar. Já consigo entender quando eles me falam o preço total de uma conta, já consigo pedir informação a cerca da localização de um local que gostaria de chegar, entre outros.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
Não tive aula em universidade ainda, no momento estou estudando Alemão no Interdaf em Leipzig e as aulas são todas ministradas por professores alemãs e em alemão apenas.

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)?
Obviamente que estudar no Interdaf tem sido a minha primeira fonte de estudos aqui em Leizig, mas para conseguri o máximo de vocabulário possível eu quando saio pelas ruas de Leipzig fico traduzindo qualquer textinho no meu celular para memorizar o máximo número de vocabulários possíveis. Gosto muito de pesquisar no google vocabulários a cerca de comida,bebida,moradia e etc... e depois disso escrever um grupo de palavras em meu caderno e ficar durante uma hora, diariamente, memorizando essas palavras. Quando consigo internalizar todas, coleto outro conjunto de palavras.
A página do quero aprender alemão me ajuda bastante com as dicas que eles colocam no face, o site deles também é sempre uma fonte confiável de consulta.

6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que real
mente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?
Eu ainda acho que meu nível de alemão é o básico, o que tem melhorado bastante aqui são as habilidades de falar e ouvir, porque no Brasil eu não tinha oportunidade de treinar ambos. Em virtude disso também eu posso afirmar que minhas habilidades de ler e escrever em Alemão são melhores que falar e ouvir.
Obviamente que quando eu voltar pro Brasil daqui a 18 meses meu alemão vai estar melhor do que agora, não sei se esse tempo é suficiente para se tornar fluente, mas com certeza eu vou continuar praticando alemão quando voltar ao Brasil.

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?
Apesar de eu ainda ser considerado um novo bolsista, uma das coisas que eu já aprendi com relação ao alemão é que você tem que se dedicar, pois na minha opinião o alemão não é uma língua extremamente difícil, obviamente que ela tem suas dificuldades, mas a minha opinião é que o maior problema é o vocabulário
Nós brasileiros não temos tanto contato com o alemão e como temos que estudar muita coisa pra conseguir ter um vocabulário adequado para uma conversa com um alemão acabamos desistindo no meio do caminho.

Portanto, meu conselho é que tente, erre, mas aqui na Alemanha fale alemão. Mesmo que você consulte o dicionário antes para falar, mas fale.

8) Bia Alper

1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos

Eu me chamo Bianca Muriel, sou de Minas Gerais e  hoje estudo e moro numa pequena cidade chamada Schmalkalden. Estudo Engenharia de controle e automação no Brasil mas aqui resolvi cursar mecânica. 

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 
Eu não fiz onDaf. Minha modalidade foi a primeira que veio para a alemanha fazer o curso de Alemão aqui. Fiz o telc para B2 no meu curso e infelizmente não passei.

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 
Nenhuma. Como eu disse anteriormente, não havia estudado Alemão antes. Logo eu basicamente me comunicava em inglês.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
Sim. Comecei uma disciplina em Alemão mas interrompi por que chocava com as aulas de Alemão. Cursei uma matéria em inglês porque eu sempre soube inglês e depois de 7 meses introduzindo o Alemão eu não conseguia mais formar frases em inglês sem o Alemão no meio. Foi uma forma de estudar.

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)? 
Eu dei aulas de português para Alemães aqui na cidade e com isso consegui amigos e uma boa forma de me forçar a estudar Alemão. Eu estudava em casa para as aulas e foi algo muito divertido. Sobre o curso de Alemão primeiro fiz um curso intensivo em uma outra cidade, só para aprender o alemão. Deveria ter saído de lá b2 mas não consegui. Aqui eu melhorei, logo acho que passaria na prova. 

6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?
Eu acho que seria um B2 quase B1. Eu consigo me comunicar bem em diversas situações e a maior dificuldade ainda é vocabulário. Não consigo gravar palavras com facilidade e acho difícil o acesso de material de estudo diferenciado. Por exemplo, filmes com audio alemão e legenda em português é uma coisa que me ajudaria muito. Eu falo muito melhor que escrevo. Ler também não é uma dificuldade enorme, mas ainda assim acho que a minha melhor habilidade é falar. Como meu namorado também veio para o interc^mbio na Alemanha, pretendemos continuar estudando juntos no Brasil.

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?

Acho que o principal é que nenhum curso de Alemão te prepara para uma faculdade. Algumas faculdades aqui tentam te preparar para isso, mas nem sempre funciona. É um vocabulário difícil mas com as aulas dá pra pegar. Outra coisa é tentar ter amigos alemães que tentam aprender português. Ajuda muito. Eles são mais pacientes e eu consegui aprender muito assim.  No mais, morar na Alemanha significa precisar de Alemão para qualquer coisa. Quanto mais alemão você usar, para coisas simples, mais habitual isso se torna.

4 de setembro de 2014

Dúvida do Leitor: Pronomes Reflexivos

Pergunta do leitor "J. Amauri de Espindola"

Boa noite!

Primeiramente gostaria parabeniza-lo pelo Blog, tive contato pela primeira vez há pouco tempo e achei um excelente trabalho!

Segue minha dúvida:

No seu post sobre o caso do pronome em verbos reflexivos (clique aqui), você diz: 

"Como saber se um verbo reflexivo vai exigir dativo ou acusativo???? Será que tem que usar decoreba de novo? Boa notícia! Não!
Via de regra, use sempre os pronomes reflexivos no acusativo.
Só há uma exceção! Quando já houver um complemento no ACUSATIVO, então o pronome reflexivo fica no DATIVO."

Porém em exercício que tenho feito venho ainda cometendo muitos erros, não sei se o que acontece é o fato de eu não estar identificando corretamente o complemento no acusativo ou outra coisa ainda. veja esses exemplos:

a) Ich rege mich nicht über die jungen Leute auf. 

b) Ich möchte mich über das Essen beschweren.

c) Um die anderen Leute kümmere ich mich nicht. 

Eu marquei todas as respostas como MIR, pois na minha interpretação os elementos sublinhados são os complementos co Acusativo que você mencionou.

Já outros verbos como wünschen, aparecem sempre com o DAT.

a) Ich wünsche mir, nicht sehr alt zu werden.

Pra mim nesse caso não há nenhum complemento no acusativo

Isso tem me deixado muito confuso. Será que você poderia abordar novamente essa questão?

Muito obrigado!

Agora vamos à resposta:
Primeiro obrigado pela pergunta interessante.

1) Não, você não está tendo dificuldade em identificar o que é acusativo e dativo numa oração. E isso é ótimo! Mas a sua interpretação do que é um complemento no acusativo é que é diferente.(Informação: a palavra Ergänzung quer dizer complemento. Às vezes é também usado o termo Objekt = objeto com o mesmo sentido)

Quando nos livros de alemão nos referimos a um Complemento no Acusativo ou Complemento no Dativo, estamos nos referindo ao que a gramática alemã chama de Akkusativergänzung e Dativergänzung (Às vezes também chamados de Akkusativobjekt e Dativobjekt).Sei que a terminologia parece um pouco confusa, mas com isso quero dizer que é um complemento que está no acusativo/dativo SEM preposição, o que não é o caso dos três exemplos que você citou. Quando um complemento é iniciado por uma preposição, independente do caso em que estejam, as gramáticas alemãs o chamam de "Präpositionalergänzung, ou seja, Complemento Preposicionado.

Ou seja, no meu texto eu me referia a complementos no acusativo SEM nenhuma preposição, ou seja, Akkusativergänzung.

Por exemplo em "Ich wasche mir die Hände" o verbo reflexivo "sich waschen" está no dativo, pois "die Hände" é um Akkusativergänzung. No seu exemplo "Ich möchte mich über das Essen beschweren.", o termo "über das Essen" é um Präpositionalergänzung, portanto mantém-se o pronome reflexivo no acusativo.

Resumo:
Acusativo sem preposição (Akkusativergänzung) - Pronome reflexivo no dativo
Acusativo com preposição (Präpositionalergänzung) - Pronome reflexivo no acusativo

2) No segundo exemplo que você deu, você tem razão. Não há um Akkusativergänzung.

Ich wünsche mir, nicht sehr alt zu werden.

Mas é que, na prática, a oração completa está ocupando o lugar de um Akkusativergänzung que poderia estar ali. Talvez você ainda se lembre das aulas de português quando aprendíamos os tipos de oração subordinada. Neste caso é uma Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta (reduzida de infinitivo) kkkkk Eu sei que ninguém se lembra dessas coisas das aulas de português. Mas a lógica é simples. O verbo sich wünschen exige um complemento no acusativo, por exemplo:

Ich wünsche mir einen neuen Beruf. (Desejo uma nova profissão) - Neste caso, o Akkusativergänzung é "einen neuen Beruf".

Mas em vez de usar um complemento no acusativo, você pode usar uma oração completa. Esta oração ocupará a vaga que seria ocupada pelo Akkusativergänzung.

Ich wünsche mir, dass ich einen neuen Beruf finde. (Desejo encontrar uma nova profissão). - Nesse caso, a oração (subordinada substantiva blá blá blá... hehehe) exerce a função que seria do complemento acusativo.

Em outras palavras, poderíamos acrescentar às regras do tópico anterior que as orações subordinadas/infinitivas contam também como complemento acusativo.
Clique na foto para vê-la em tamanho maior. 

Espero que isso tenha esclarecido suas dúvidas.

Bons estudos,

Fábio
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