6 de setembro de 2014

Aprender/Aperfeiçoar alemão durante o CsF - Ciência sem Fronteiras

Desde que o Ciência sem Fronteiras começou, conheci muitos brasileiros fazendo intercâmbio aqui na Alemanha. Na verdade, eu achei fantástico ver tantos brasileiros estudando aqui. Aos poucos fui conhecendo estudantes de todo tipo. Tanto os que vieram para estudar mesmo e crescer academicamente, quanto os que aparentavam ter vindo para fazer um passeio. Conheci gente falando alemão impecável, como também aqueles que só saíam com brasileiros e já desistiram de aprender alemão assim que tiveram a primeira dificuldade de comunicação. Eu comecei a ficar triste quando comecei a saber de casos em que brasileiros estavam voltando de um intercâmbio de 12 ou 18 meses na Alemanha sem saber alemão. Mas sempre achei injusto apontarem o dedo para todos os participantes do CsF chamando-os de "turistas" (afinal, eu também fui estudante aqui e viajei BASTANTE. Quem sou eu pra julgar?)

Por isso, pedi para que alguns estudantes do CsF contassem seus relatos de como aprenderam/aperfeiçoaram seu alemão aqui. Espero que esses relatos possam ajudar os novos bolsistas a não cometerem os mesmos erros e se espelharem nos bons exemplos. E espero que esse link sempre seja enviado para aqueles que acusam todos os estudantes de fazerem apenas turismo.

Já aviso de antemão, os textos são longos. Por isso, você pode selecionar as experiências que você quer ler baseada na cidade onde a pessoa estuda/estudou ou no conhecimento de alemão que trouxe ao chegar, basta clicar no nome da pessoa para ir direto ao texto. Para quem quiser ler só os conselhos que eles deram, é só ler os trechos em vermelho.

Nome Cidade Conhecimento de Alemão
No início Atualmente
João Henrique F. Moura Karlsruhe, Baviera B1 + C1/C2
Matheus C. Lopes Deggendorf, Baviera B2/C1 C1
Fernando Almeida Schmalkalden, Turíngia B1 Conversação
(Anônimo 1) Dortmund, NRW Zero + 6 meses de curso (B2) B2/C1




André L. de Oliveira Viena, Áustria B1 B2.2/C1.1
Paulo Alexandre Erlangen, Baviera A1/A2 B2.1
Marcelo Pimenta Leipzig, Saxônia A1/A2 ---
Bia Alper Schmalkalden, Turíngia A1 B1/B2

1) João Henrique F. Moura
1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos



Me chamo João Henrique F. Moura, 21 anos e estudo Engenharia Química na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Fui para a Alemanha no início de 2013 e fiquei um ano morando em Karlsruhe - BW e estudando no KIT (Karlsruher Institut für Technologie)

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 

Comecei a estudar alemão em meados de 2010 e tentei não parar, na medida do possível (na época do vestibular fica mais complicado).
Eu particularmente nunca dependi muito das aulas nas escolas de idioma pra aprender, usava elas mais como um apoio, um lugar pra tirar dúvidas. Sempre aprendi coisas novas na internet, inclusive no blog Quero Aprender Alemão. Tem muita fonte boa e confiável de informação por aí, é só procurar.
Fiz o OnDaF na metade de 2012 e na época consegui B2 fazendo 67%. Foi uma surpresa, porque eu não acho que eu realmente tinha um B2 na época, diria B1+. Mas como a maioria sabe, uma boa dose de sorte no OnDaF pode ajudar e muito. 

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 

Conseguia me comunicar bem em lugares como padaria, mercado, mensa e ambientes informais na universidade. Vocabulário às vezes faltava, mas dava pra explicar o que eu queria.
Os maiores problemas foram em locais mais formais como na hora de abrir conta em banco, fazer registro na cidade, imigração, etc.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)

Não fiz nenhuma matéria em inglês, apenas em alemão. No primeiro semestre eu escolhi umas 10 matérias para ir na primeira semana e selecionei as que eu faria de acordo com a clareza e velocidade da fala do professor hahaha. Percebi que era muito mais fácil entender as mulheres, mas isso talvez tenha sido coincidência. 
Mesmo assim tive dificuldade com algumas que falavam relativamente rápido, e os termos técnicos acabavam complicando um pouco no início.
No segundo semestre consegui acompanhar mais facilmente e cheguei a fazer uma matéria bem complicada com um senhor de mais de 70 anos, com pouca clareza na pronúncia. A aula em si já não era mais problema, mas as piadas do professor eu nunca entendia, e ficava quieto enquanto todo mundo ria, hahaha. 


5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na 
faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)?

Como não quis parar de estudar o idioma estando la, até porque convivi muito com brasileiros e não praticava muito no dia-a-dia, resolvi fazer um curso regular de alemão.
No primeiro semestre fiz um curso de nível C1 e no segundo semestre um curso C2. 
Aprendi muita coisa no primeiro curso, mas o segundo curso tinha temas muito específicos (vocabulário jurídico, médico, etc), e algumas vezes não me interessei muito pela aula.
Convivi com pessoas de vários países na moradia e alternava entre inglês e alemão, dependendo do nível da outra pessoa. No geral pratiquei pouco em casa.
Acabei aprendendo bastante alemão em um curso de francês que fiz, por mais irônico que isso possa ser hahaha. Tive uma tandem-partner que queria aprender português e como eu não tinha dúvidas gramaticais do alemão, treinei enquanto ensinava a gramática do português em alemão (a frase ficou confusa mas acho que deu pra entender hahaha)

 6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?

No meu último mês lá quis fazer um prova do goethe para ter um certificado de proficiência. Na hora fiquei em dúvida entre o C1 e o C2, mas como tive medo de patinar no C2 e não ter tempo para tentar de novo, optei pelo C1. Fiz a prova e obtive 92.5% na nota final, o que me deixou bem satisfeito. Demonstra um bom domínio do idioma no nível C1.
Ao chegar no Brasil fui contratado por uma escola e lecionei o idioma por 6 meses. Foi ótimo poder passa para outros o que eu aprendi ao longo desses anos e foi fácil perceber as dúvidas e dificuldades, principalmente porque eu já passei por aquilo, como eles.
Hoje, 6 meses após meu retorno ao Brasil, já está bem claro que perdi um pouco do idioma (por culpa minha, que não tenho lido/escutado muito em alemão). Acho que continuo com um C1 mas a fala já não está mais tão clara como já foi. 

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?

Estudem da forma que vocês consideram mais produtiva, mas não deixem de usar ferramentas online para aumentar vocabulário e melhorar a gramática. 
Não se preocupem em aprender vocabulário técnico porque muitas palavras são similares e você terá um tempo para aprender isso em sala de aula, você não vai precisar conhecer tudo antes da aula começar. Foque na vida cotidiana para facilitar a adaptação por lá e não deixe de estudar depois que estiver na Alemanha :)
Fora isso, para aqueles que tem medo de ir porque estão com um nível baixo (A2, por exemplo), não tem problema! Vários amigos meus foram para la sabendo muito pouco de alemão e no final estavam passando em provas orais/escritas em alemão dos mais diversos temas de seus cursos.

Bom, acho que era isso! Espero ter ajudado de alguma forma :)

2) Matheus C. Lopes
Primeiramente, parabéns pela bela iniciativa de realizar este questionário, é importante as pessoas conhecerem, como você mesmo disse, o trigo em meio ao joio. E eu posso garantir que somos muito mais do que se imagina.

Meu nome é Matheus Canale, 22 anos, estudante de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI USP). Atualmente moro numa cidade chamada Deggendorf, no estado da Baviera (Bayern), e estudo na Technische Hochschule Deggendorf (THD). Cheguei na Alemanha em janeiro de 2014, diretamente para a faculdade, e permaneço aqui até fevereiro de 2015.

Desde criança estudei no mesmo colégio, Colégio Imperatriz Leopoldina (CIL), na zona norte de São Paulo, onde nasci e sempre vivi. Lá tive aulas de alemão desde o jardim de infância e isso me fez ter, desde bem pequeno, uma ligação muito forte com o idioma.
Por ser um colégio alemão, tive a oportunidade de prestar testes de proficiência durante minha vida escolar, começando já na quarta série (atual quinto ano). E assim foi, ano após ano, até que em 2008, no segundo ano do ensino médio, tirei meu diploma de C1, o chamda DSD 2 (Deutsches Sprachdiplom der Kultusministerkonferenz).

Quando me inscrevi no programa CsF, resolvi prestar o OnDaf mesmo já tendo um certificado válido para o programa. Achei melhor por ser um documento mais recente. Minha nota foi B2 (114 pontos, 71,25% dos pontos).

Quando cheguei por aqui, como já tinha um conhecimento razoável, tive uma melhora muito grande logo nos primeiros meses! Todo o conhecimento que a escola tinha me dado e que estava enferrujado dentro de mim, foi, aos poucos, desoxidando. O curso intensivo de 9 semanas oferecido pela THD foi de extrema importância nesse processo.

Porém, como nem tudo são flores, o semestre começou...

Mas antes disso, preciso lhes apresentar um tal de "Bayrisch":
Como todos devem saber, na Alemanha existem diferentes dialetos, resultados de diferentes nações germânicas que se juntaram para formar a Alemanha.
Atualmente em grandes cidades alemãs, raramente se ouvem os tais dialetos. Porém, como disse anteriormente em meu relato, moro em Deggendorf (cidade pequena, cerca de 35mil habitantes), em Bayern (estado com forte ligação à cultura tradicional).
Ou seja, Bayrisch pra lá e pra cá! Em todo lugar, literalmente!

Voltando ao semestre na faculdade... Meu plano inicial era cursar 3 disciplinas em alemão e 2 em inglês, pra não ficar tão pesado e conseguir aproveitá-las ao máximo. Além é claro, da disciplina de alemão, propriamente dito.
Acontece que em duas delas, eu simplesmente não entendia os professores. Um deles falava Bayrisch, e o outro tentava um Hochdeutsch, mas logo já votava ao dialeto.

Deixando esses problemas de lado, a melhor maneira que encontrei de praticar o idioma foi saindo com os amigos, seja para bares, baladas, partidas de futebol, etc. Sempre encontramos amigos alemães (os jovens universitários falam um Hochdeutsch muito bom!) e conversamos bastante, eles se mostram muito dispostos a nos ajudar com qualquer dúvida que possamos ter!

Hoje, após 8 meses de experiência, considero que meu alemão evoluiu muito! Algo que eu achava difícil de acontecer, justamente por ouvir histórias de que aqui só se fala português, CsF é uma várzea, essas coisas... Eu considero que honro o meu diploma de 2008 e possuo de fato um nível C1, principalmente na parte oral, a qual estou desempenhando muito bem.

Uma dica para os novos que chegam: FALEM ALEMÃO!
Falem errado no começo, mas falem alemão. Sejam corrigidos a cada frase, mas falem alemão. Fiquem vermelhos com a reação do outro ao ouvir você falar, mas falem alemão! Não tem outra maneira de aprender, não tenham medo, se esforcem, tracem objetivos, estudem o idioma!

Mais uma vez, o meu agradecimento pela bela oportunidade oferecida pelo blog Quero Aprender Alemão, iniciativa excepcional!

Estou à disposição para quem quiser vir conversar, tirar dúvidas do CsF, ou até mesmo praticar um pouquinho o idioma! Podem me mandar mensagens pelo Facebook!

Herzliche Grüße,

Matheus Canale

3) Fernando Almeida

1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos
    Sou estudante de Eng.Mecânica pela UNESP e fui, pelo CsF (fevereiro 2013 – março 2014), estudar em Schmalkalden, Thüringen. Lá fiz matérias de engenharia como: (2 matérias) Simulação em ANSYS (inglês/alemão), dinamica automobilistica (inglês), metrologia (alemão), energias renovaveis (inglês), motores (alemão), vibrações (alemão) e transmissões (alemão) (além de curso de alemão B1, B2+. Lá tentei um estágio, procurei muito, mas só consegui uma entrevista e a posição exigia alemão fluente para falar com todos os funcionarios (isso em junho de 2013).

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF?
    No OnDaf tirei B1, porém eu nunca tive a oportunidade de conversar em alemão, muito menos vivenciar o idioma.

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses?
    Eu só usava o idioma alemão, seja para comprar no supermercado quanto falar com professores. Só em casos em que eu realmente não entendia o sotaque ou quando se tratava de assuntos importantes (seguro, por exemplo) eu falava em inglês. Também falava em inglês com os outros estrangeiros que não sabiam alemão. Com os que sabiam, só alemão.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
    Fiz matérias em alemão e em inglês (como escrito na 1). Escolhi as matérias que me interessavam e que não chocassem os horários.

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)?
    Curso intensivo de 2meses ao chegar na faculdade (que foi horrivel, mas isso nao vem ao caso), curso de idioma durante o ano também na faculdade, um grande amigo alemão, jogava bola num time e só conversava com as pessoas em alemão, ouvia musicas, comprei muitos gibis, seriados e filmes em alemão (Ebay rules!).

6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?
    Quero melhorar, porém eu realmente não tenho tempo por causa da faculdade. Hoje em dia consigo conversar com alemães, lógico que não sobre todos os temas possíveis e, talvez, não do jeito que eu quero (100% natural), porém tenho altas conversas por skype com meu amigo alemão. Meu maior problema é a audição, mas acredito que é um problema meu, de atenção ou algo do tipo, pois até em inglês tenho dificuldades com isso.

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?
    É impossivel não falar em português, afinal tem muuuuuuitos brasileiros lá. Porém procure clubes, times, algo que faça se incluir no mundo dos alemães... Forçar uma amizade é errado ao meu ver, mas nada impede de procurar eles nesses grupos Alegre Além disso, falaria pra parar de frescura desse negócio de não consigo, é difícil e tals kkkk


Espero que eu possa ter te ajudado.

4) (Anônimo)

1) Curso engenharia civil no Brasil. Concluí o sétimo semestre antes de sair do Brasil. Sou da reopção de Portugal.


2) Eu cheguei sem falar alemão ou inglês. Depois do curso de 6 meses fui aprovado no exame B2 do TELC (Lesen-Hörenverstehen, Schriftlicher Ausdruck e Sprechen) com nota "Gut" (262 de 300 pontos)

3) Nos primeiros meses o contado com o alemão se deu praticamente apenas nas aulas de idioma, ou seja, a comunicação fora da aula demorou uns 4 meses para começar a fluir um pouco melhor.

4) Sim, precisei. Eu escolhi apenas aulas em alemão por não saber inglês.

5) Eu tentei morar com alemães, mas não consegui (ainda estou na Alemanha, Dortmund). Li livros daqueles resumos de histórias para quem está aprendendo alemão e frequentava seu blog também. Depois comecei a acompanhar canais no youtube em alemão, trabalhar com letras de músicas e com a revista Deutsch Perfekt. Consegui fazer alguns amigos alemães e encontrei também uma Tandem-Partnerin.
 Fiz um curso intensivo aqui. Pelo curso eu sai com um nível B2, com algumas falhas. Hoje tento construir um bom nível C1, mas não faço mais cursos.

6) Meu alemão agora tem um nível B2/C1. Diria que um nivel B2/C1 para lesen und Schreiben e um nível de B2 para Hören und Sprechen. Infelizmente não consegui encontrar uma atividade onde eu usasse o alemão de maneira ativa diariamente.
 Eu quero melhorar meu alemão no Brasil, no mínimo mante-lo. Cada período que eu fico sem utiliza-lo aqui na Alemanha eu já sinto que piora. Meu medo é voltar para o Brasil, não ter a mesma oportunidade de usa-lo como eu tenho aqui e esquecer um monte de coisas, como já vi acontecer com algumas pessoas.

7) A dica que eu posso dar é  procurar contatos com os alemães em grupos de jovens religiosos, mesmo não seguindo uma religião, que foi o meu caso. Eles são muito receptivos e costumam tratar muito bem quem acabou de chegar. São pacientes para conversar em alemão e te ajudam a se integrar. Através deles conheci outras pessoas e com essas novas pessoas pude fazer outras atividades. 


Parabéns pelo Trabalho que faz no blog, já me ajudou muitas vezes, principalmente quando um tema não ficava claro em sala de aula.


5) André L. de Oliveira
Servus,

Wie geht es Dir? Ich stelle mich kurz vor :)


Meu nome é André Luiz de Oliveira, e atualmente eu faço doutorado na Universidade de Viena. Eu estou vivendo em Viena desde janeiro desse ano, ou seja nove meses e algumas semanas aproximadamente. Eu sou Biólogo, formado pela Universidade Federal de Ouro Preto e Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo. A minha área de pesquisa é Bioinformática, uma mistura de biologia molecular, genética, ciências da computação e um pouco de estatística. Eu estudo evolução molecular em várias espécies moluscos.

Atualmente o meu nível no idioma alemão é B2.2, e teoricamente eu irei iniciar o nível avançado no mês que vem C1.1. Todavia, eu acredito que preciso de um pouco mais de estudos. Esse último semestre foi muito puxado, e eu não consegui me dedicar tanto quanto eu gostaria.


Quando eu cheguei a Viena o meu nível de alemão era pré-intermediário B1 e tenho que confessar que os dois primeiros meses foram quase como um pesadelo para mim. As pessoas aqui na cidade falam um dialeto do alemão chamado Wienerisch, e até hoje eu não consigo entender muito bem. De acordo com as minhas pesquisas o "Wienerisch Dialekt" é uma mistura de Jiddisch, Rotweisch, Französisch, e Tcheschisch.

Nos dois primeiros meses do meu Doutorado, eu praticamente fiquei resolvendo problemas burocráticos como visto, seguro-saúde, e todas as pendências com a Universidade de Viena. Apesar de o idioma oficial do meu curso ser inglês, a maioria das pessoas com que eu precisei me relacionar para resolver esses problemas burocráticos não sabiam falar inglês, ou pelo menos não queriam. Basicamente tudo que eu precisava fazer era realizado em duas etapas, por exemplo: quando fui ao Magistrat para resolver os problemas com o meu visto, eu levei um bloquinho de notas e tentei conversar em alemão/inglês com as pessoas, e todas as palavras que eu não entendia eu anotava no caderninho, ou pedia para a pessoa escrever. Eu voltava com todas essas informações para a Universidade, tirava as dúvidas com os meus colegas, e depois retornava ao Magistrat mais uma vez para tentar resolver os problemas. Essa foi minha rotina no meu início aqui na Áustria.

De janeiro até aqui eu sempre tento me comunicar em alemão, eu me forço a isso, por mais constrangedor que possa parecer de vez em quando. Obviamente, apresentações, seminários, e compromissos acadêmicos eu realizo ainda no idioma em inglês. Ainda não tenho o domínio necessário do idioma alemão para realizar uma palestra totalmente nesse idioma. Eu realizei até o momento três cursos de alemão B1.2, B2.1 e B2.2, e eu posso perceber que a dificuldade no idioma não é exclusivamente minha, o que me animou a falar e aprender o idioma. Eu vi que não era a única pessoa sofrendo para entender o idioma, e isso foi bom para eu conseguir me "soltar" mais por aqui.

Como dito anteriomente, as disciplinas, seminários e apresentações no meu Departamento são em inglês (cerca de 90%), porém, isso não apagou a minha vontade de aprender alemão. Eu realmente sou fascinado com o idioma, e eu vejo o quanto as pessoas aqui apreciam quem tenta aprender. Um ponto positivo é o incentivo que eu recebo por aqui por parte dos meus colegas e professores. Todos sempre elogiam a minha vontade de aprender, e falam que o meu alemão está melhorando com o  tempo. Eu sou um pouco cético quanto a isso, mas isso me faz querer aprender sempre mais. Hoje em dia, eu converso com todo mundo quase que exclusivamente em alemão, e as pessoas do meu Departamento se forçam a falar Hochdeutsch comigo ao invés do dialeto, e isso tem me ajudado bastante. Estou tentando arranhar algumas coisas em Wienerisch, isso tem me auxiliado um pouco também.

O meu conselho para os novos bolsistas em relação ao idioma é: APRENDA o idioma. A vida no exterior é mais do que palestras, cursos e seminários na Universidade, é a sua relação com o patrimônio cultural do país. E isso inclui aprender o idioma, aprender os costumes, e até mesmo o dialeto local (estou tentando me esforçar nessa última parte).

Um grande abraço e parabéns pela iniciativa. E para finalizar o e-mail um pouco de Wienerisch em uma situação bem corriqueira aqui em Viena:

- Servus, Zwa Leberkas bitte!
- Siaß oda Schoaf?


Mit freundlichen Grüßen

6) Paulo Alexandre
1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos

Sou de Manaus. Sou formado em técnico em química pelo CEFET-AM e ingressei graduação de engenharia química na UFAM (Federal do meu estado). Logo que estrei na faculdade resolvi me dedicar a idiomas, coisa que enrolei sempre. Cursei um curso de ingles intensivo e viajei para os EUA. e logo em seguida, quando voltei pra Manaus, comecei a estudar Alemão no consulado da Suíça e espanhol em uma outra escola. depois de um ano resolvi escolher uma das duas porque era dificil aprender dois idiomas ao mesmo tempo. continuei no alemão

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 
Estudei 2 anos alemão (3h por semana), mas a didatica era muito tecnicista, a base do decoreba. todo capitulo tinha uma lista de umas 30 palavras pra se decorar. Nao consegui aprender muito assim. Quando decidi fazer o Csf iniciei um estudo dirigido. decidir me focar nas declinações dos artigos e dos adjetivos e o pronome relativo. e lia semanalmente 3 textos da DW com a ajuda do dicionário. consegui assim, atingir o A2 no onDaf. 

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 
Logo quando cheguei foi uma sensação horrível, não conseguia pedir uma água no restaurante direito. todo mundo sempre mudava pro inglês logo em seguida e isso me deixa mais ainda pra baixo. acho que em torno do final do segundo mês eu já conseguia pelo menos falar o que eu queria no restaurante sem problemas. Logo quando cheguei comecei um curso intensivo de 2 meses de idioma. A aula era toda em alemão e eu senti muita dificuldade na primeira semana. depois peguei o ritmo.  a experiencia de conviver com pessoas do mundo todo em uma sala de aula foi muito enriquecedora. atingi o nivel B1. no quarto mês teve uma festa de alguns brasileiros e conheci alguns nativos lá. não sei se foi por causa da bebida que perdi a vergonha mas passei a noite conversando em alemão com algumas pessoas. eu sabia muito bem que falava mutia coisa errada mas eles me entendiam e no fim é isso que importava. 

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
durante o primeiro período eu escolhi fazer 3 matérias do mestrado. uma era em inglês e duas em alemão. primeira aula foi devastadora. me senti um burro. mas no final do período já conseguia acompanhar a aula. as provas eram orais e mesmo falando muito erro o professor entendia. minha menor nota foi 2. mas tive que estudar muito só. passei finais de semana na biblioteca tentando aprender. Nesse segundo semestre (eu ainda estou em intercambio) eu irei fazer 2 aulas em alemão e várias aulas práticas. com essas aulas práticas imagino que usarei o alemão muito mais. Farei meu TCC (trabalho de conclusão do curso - Bachelorarbeit) aqui tb, o TCC será em ingles, pq todo mundo faz em ingles. percebi que esse intercambio nao me ajudou apenas com o alemão mas com todas as 3 línguas estrangeiras que havia aprendido apesar de hoje em dia querer de vez em quando colocar o verbo do inglês no fim da frase, estranhar a falta de declinações e principalmente entranhar chamar o professor de you. 

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)? 

fiz esse curso intensivo que atingi o B1. na universidade fiz um allgemeiner Kurs durante o semestre novamente de B1 só que agora com foco na cultura alemã (mas acabou sendo só sobre cultura Franken já que moro em Erlangen) e fiz também um mündlicher Ausdruckkurs mas nao foi muito util. turma era muito cheia e eu praticava pouco mas conseguir fazer um Referat sobre os problemas sociais do brasil sem menor problema. e agora durante as ferias estou fazendo o B2.1 e durante o periodo pretendo fazer o B2.2. pretendo voltar da alemanha com o nivel algo em torno de C1.  


6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?

Hoje ainda possuo muitos erros de declinação, mas mais por falta de atenção. erro até em português por isso (desculpa os erros, já de antemão). quando eu releio o que fiz eu consigo identificar o erro e começo a sentir a língua, por exemplo... Isso não está soando bem acho que deve ter algum erro. mas, hoje o maior problema é falar. Na hora de falar eu esqueço declinação e posição de verbo. no entanto eu consigo conversar sobre qualquer coisa. Já discuti de politica a trocar um pneu. faltou uma palavra ou outra mas consegui explicar e me fazer entender. A professora diz que isso "kommt mit der Zeit". Assim espero. 
Eu já comprei vários livros em alemão pra quando voltar e ter tempo, pretendo comprar alguns filmes também. e pretendo principalmente dar aula pro primeiros níveis. revisar o vocabulário básico e me preparar pra aula vai me ajudar muito a aprender. Hoje tenho buscado na internet filmes em alemão com legendas em inglês. ou escutado o radio em alemão.  Infelizmente moro em Franken e eles são mais fechado que o normal aqui. difícil fazer amizade com alemão.. Sobre outros alunos... As principais amizades sao com os alunos do Erasmus que geralmente vem de outra parte da europa. mas eles quase não falam alemão ou preferem falar inglês. Queria ter algum alemão mais próximo. 

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?

Não tenha vergonha. esse é o pior entrava pra aprender o novo idioma. Quantas vezes vamos pro Kneipe e chega algum alemao querendo conversar e metade dos brasileiros conversam entre si e reclamam do alemão e a outros 40% ficam só ouvindo. sem falar nada. nao adianta vir pra Alemanha e só fazer amizade com brasileiro e não falar alemão por medo de errar.  

7) Marcelo Pimenta
1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos

Meu nome é Marcelo Pimenta Filho, sou estudante de Engenharia Elétrica da UFBA e atualmente sou bolsista CSF aqui na Alemanha e estou estudando alemão pelo Interdaf em Leipzig

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 
Meu nível de alemão antes de vim para cá era básico, tirei A2 no Ondaf

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 
Minha comunicação em alemão nos primeiros dias foi muito difícil, eu realmente não conseguia entender nada do que eles me falavam.Porém após 1 semana e 2 dias aqui, algumas coisas eu já consigo entender e falar. Já consigo entender quando eles me falam o preço total de uma conta, já consigo pedir informação a cerca da localização de um local que gostaria de chegar, entre outros.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
Não tive aula em universidade ainda, no momento estou estudando Alemão no Interdaf em Leipzig e as aulas são todas ministradas por professores alemãs e em alemão apenas.

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)?
Obviamente que estudar no Interdaf tem sido a minha primeira fonte de estudos aqui em Leizig, mas para conseguri o máximo de vocabulário possível eu quando saio pelas ruas de Leipzig fico traduzindo qualquer textinho no meu celular para memorizar o máximo número de vocabulários possíveis. Gosto muito de pesquisar no google vocabulários a cerca de comida,bebida,moradia e etc... e depois disso escrever um grupo de palavras em meu caderno e ficar durante uma hora, diariamente, memorizando essas palavras. Quando consigo internalizar todas, coleto outro conjunto de palavras.
A página do quero aprender alemão me ajuda bastante com as dicas que eles colocam no face, o site deles também é sempre uma fonte confiável de consulta.

6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que real
mente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?
Eu ainda acho que meu nível de alemão é o básico, o que tem melhorado bastante aqui são as habilidades de falar e ouvir, porque no Brasil eu não tinha oportunidade de treinar ambos. Em virtude disso também eu posso afirmar que minhas habilidades de ler e escrever em Alemão são melhores que falar e ouvir.
Obviamente que quando eu voltar pro Brasil daqui a 18 meses meu alemão vai estar melhor do que agora, não sei se esse tempo é suficiente para se tornar fluente, mas com certeza eu vou continuar praticando alemão quando voltar ao Brasil.

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?
Apesar de eu ainda ser considerado um novo bolsista, uma das coisas que eu já aprendi com relação ao alemão é que você tem que se dedicar, pois na minha opinião o alemão não é uma língua extremamente difícil, obviamente que ela tem suas dificuldades, mas a minha opinião é que o maior problema é o vocabulário
Nós brasileiros não temos tanto contato com o alemão e como temos que estudar muita coisa pra conseguir ter um vocabulário adequado para uma conversa com um alemão acabamos desistindo no meio do caminho.

Portanto, meu conselho é que tente, erre, mas aqui na Alemanha fale alemão. Mesmo que você consulte o dicionário antes para falar, mas fale.

8) Bia Alper

1) Apresente-se (de forma curta) e fale sobre os seus estudos

Eu me chamo Bianca Muriel, sou de Minas Gerais e  hoje estudo e moro numa pequena cidade chamada Schmalkalden. Estudo Engenharia de controle e automação no Brasil mas aqui resolvi cursar mecânica. 

2) Qual nível de alemão você tinha antes de vir? Qual nível você tirou no onDaF? 
Eu não fiz onDaf. Minha modalidade foi a primeira que veio para a alemanha fazer o curso de Alemão aqui. Fiz o telc para B2 no meu curso e infelizmente não passei.

3) Como era a sua comunicação em alemão nos primeiros meses? 
Nenhuma. Como eu disse anteriormente, não havia estudado Alemão antes. Logo eu basicamente me comunicava em inglês.

4) Você precisou da língua alemã no ambiente acadêmico? Suas aulas eram em alemão? Ou era tudo em inglês? (Se as aulas eram em inglês, por que você decidiu se dedicar ao alemão mesmo assim?)
Sim. Comecei uma disciplina em Alemão mas interrompi por que chocava com as aulas de Alemão. Cursei uma matéria em inglês porque eu sempre soube inglês e depois de 7 meses introduzindo o Alemão eu não conseguia mais formar frases em inglês sem o Alemão no meio. Foi uma forma de estudar.

5) O que você fez para aprender alemão (vale qualquer coisa, não só cursos.. relate por exemplo se você morava com alemães, se conseguiu amigos alemães, se falava alemão em casa, na faculdade etc.)? Quais cursos fez (não me refiro ao nome do curso e sim a que tipo de curso: curso intensivo? curso da faculdade? aula particular? etc.)? A qual nível chegou (se souber)? 
Eu dei aulas de português para Alemães aqui na cidade e com isso consegui amigos e uma boa forma de me forçar a estudar Alemão. Eu estudava em casa para as aulas e foi algo muito divertido. Sobre o curso de Alemão primeiro fiz um curso intensivo em uma outra cidade, só para aprender o alemão. Deveria ter saído de lá b2 mas não consegui. Aqui eu melhorei, logo acho que passaria na prova. 

6) Como está a sua comunicação em alemão agora? Independente do nível que está no seu certificado, qual nível você acha que realmente tem? Você tem esse nível em todas as habilidades? (Falar, ler, escrever, ouvir)? Você quer/vai melhorar seu alemão no Brasil?
Eu acho que seria um B2 quase B1. Eu consigo me comunicar bem em diversas situações e a maior dificuldade ainda é vocabulário. Não consigo gravar palavras com facilidade e acho difícil o acesso de material de estudo diferenciado. Por exemplo, filmes com audio alemão e legenda em português é uma coisa que me ajudaria muito. Eu falo muito melhor que escrevo. Ler também não é uma dificuldade enorme, mas ainda assim acho que a minha melhor habilidade é falar. Como meu namorado também veio para o interc^mbio na Alemanha, pretendemos continuar estudando juntos no Brasil.

7) Quais conselhos você dá para os novos bolsistas (apenas em relação ao idioma)?

Acho que o principal é que nenhum curso de Alemão te prepara para uma faculdade. Algumas faculdades aqui tentam te preparar para isso, mas nem sempre funciona. É um vocabulário difícil mas com as aulas dá pra pegar. Outra coisa é tentar ter amigos alemães que tentam aprender português. Ajuda muito. Eles são mais pacientes e eu consegui aprender muito assim.  No mais, morar na Alemanha significa precisar de Alemão para qualquer coisa. Quanto mais alemão você usar, para coisas simples, mais habitual isso se torna.

Um comentário:

  1. Ola... estudo alemão e faz pouco tempo descobri esse blog, que adoro, sempre passo por aqui e já aprendi muito com as suas dicas e "aulas". Pretendo ir a Alemanha em dezembro, onde ficarei cerca de 30 dias, gostaria de saber se você conhece algum curso intensivo de 1 mês que eu pudesse fazer durante esse período. Obrigado.

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