Você gostaria de ouvir de um alemão "Wow.. du sprichst akzentfrei" (Nossa, você fala sem sotaque)"? Acha que é impossível? Já ouviu dizer que depois de uma certa idade ninguém mais consegue perder o sotaque? Pois saiba que é possível, sim. Se você não falar 100% sem sotaque, pode falar de forma bem próxima, de forma que o sotaque só apareça de vez em quando, mesmo tendo aprendido a língua depois de adulto. E aqui vou dar algumas dicas preciosas de como diminuir o sotaque estrangeiro.
1) Apurar o ouvido
Bem, esse ponto aqui é complicado de se exigir de alguém, pois uma boa audição é algo com que se nasce. Mas a questão aqui é que sempre dá pra melhorar a sua capacidade auditiva.
Há pessoas que são desafinadas ao cantarem, por exemplo. Na maioria dos casos, o problema talvez comece na audição. Ao não notar a diferença entre duas notas musicais muito próximas, a pessoa mesma não consegue notar que está cantando fora do tom.
O mesmo se dá com idiomas. Quantas vezes você já tentou ensinar a diferença entre o ö de köstlich e o ö de Österreich, ou a diferença entre o a de Bahn e o a de Lamm e as pessoas dizem "Nossa. Mas não é a mesma coisa? Pra mim soam iguais".
Ouça aqui os exemplos que dei (mantenha o foco só nas vogais Ö e A marcadas):
Österreich () e köstlich ()
Bahn () e dann ()
Se você não consegue ouvir a diferença, pode ser que não consiga também falá-las de forma diferente. Então é necessário fazer alguns exercícios para se sensibilizar aos sons diferentes antes de tentar reproduzi-los.
SEM DESESPERO! Com exercícios é possível aprender a diferenciar sons.
E nem adianta dizer que é culpa do alemão. Meus alunos de português também acham superdifícil de início reproduzir a diferença entre avó e avô. É uma questão de se sensibilizar pra ouvir a diferença e só depois tentar reproduzi-la.
2) Conseguir noções de Fonética e Fonologia
Ninguém precisa estudar Letras para ter uma boa pronúncia. Mas assim como um bom domínio de um idioma requer também um certo conhecimento de gramática, uma boa pronúncia pressupõe certas noções de Fonética. O Alfabeto Fonético Internacional (conhecido como IPA - são aqueles símbolos que aparecem como pronúncia do dicionário) é uma ÓTIMA forma de entender melhor a pronúncia. Entender melhor como os sons se formam, onde pôr a língua, a abertura da boca, o arredondamento dos lábios etc. ajuda bastante a pronunciar o som corretamente.
Ter uma noção básica do alfabeto ajuda você a fugir de explicações como "É quaaaaase o som da letra X da palavra Y". Uma pessoa que tem o mínimo de noção de fonética procura o símbolo no alfabeto fonético e sabe exatamente como o som é produzido. Depois de entender o mecanismo de produção é apenas uma questão de ouvido e muito treino. Um das coisas que mais gostei de ter aprendido na faculdade foi o Alfabeto Fonético Internacional. Eu nunca mais olho para a pronúncia do dicionário da mesma forma que eu via antes de aprendê-lo.
Então nada de comprar dicionário com pronúncias "como se fosse em português", hein?
Para quem quiser saber mais sobre o Alfabeto Fonético, clique aqui.
Para saber mais sobre os fonemas da língua alemã representado por símbolos do Alfabeto Fonético, clique aqui.
3) Falar naturalmente requer atentar para a linguagem coloquial/regional
Depois de dominar a pronúncia da linguagem culta, para que você não pareça um apresentador de telejornal, é necessário ter mais contatos com alemães no dia-a-dia para ouvir como eles falam. Nos cursos de alemão normalmente se aprende Hochdeutsch, uma variedade padrão ensinada nas escolas e usada especialmente em situações formais (como em telejornais, discursos de políticos, linguagem acadêmica etc.) Mas pra falar "sem sotaque" é necessário também saber ouvir as pessoas ao seu redor. Dependendo da região, da idade, do sexo, da profissão etc. das pessoas com quem você fala, você terá que adaptar o alemão aprendido no curso.
Por exemplo, vejamos a frase: Ich habe einen guten Deutschlehrer. Escutem agora as duas pronúncias abaixo.
No primeiro exemplo, a frase é pronunciada tal como está escrita, palavra por palavra. Só que na fala natural dos alemães quase ninguém fala assim tão "explicadinho". O -e da primeira pessoa dos verbos quase nunca é dito (já falei sobre isso aqui), a sílaba ei- dos artigos indefinidos (eine, einen, einem etc. ) também não, o -e- das terminações dos adjetivos é muitas vezes engolido quando seguido de -m ou -n (gut'n, gut'm) ou mesmo acontecendo com os infinitivos verbais (sag'n, geh'n) . O segredo é: mesmo que você pronuncie cada palavra corretamente, é necessário ouvir mais alemães falando naturalmente para tentar imitá-los. Ouça mais quem fala alemão com você ou com quem você queira falar alemão. E lembre-se, o alemão usado numa mesa de bar não será o mesmo usado por professores na faculdade. Portanto, sempre esteja atento ao modo como as pessoas falam em cada situação. Se você morar numa região de dialeto, é importante também abrir bem os ouvidos para perceber essas diferenças.
Já mencionei aqui no blog algumas diferenças do alemão da rua e dos cursos. Clique aqui.
4) Fingir que você é uma outra pessoa quando fala outra língua
Você já tentou imitar o sotaque de uma outra região do Brasil ou de Portugal? Você é bom nisso? Se não tentou, tente. Porque imitar um sotaque da nossa própria língua com perfeição já é um bom exercício para saber se você é bom de ouvido. Quando as pessoas tentam imitar o sotaque de uma determinada região, seja para fazer piada, para um papel numa peça ou filme, ou até mesmo com o intuito de esconder as suas origens, normalmente a pessoa assume outra identidade.
Se um ator carioca ou paulista tenta imitar, por exemplo, o sotaque gaúcho, uma das coisas que ajuda é pensar que ele não é mais ele mesmo. Ele entra naquele personagem, bota o figurino, muda de nome e "bá... tchê...bagual...".
Se você quer ter um bom sotaque alemão, você já tentou imaginar que tudo não passa de uma peça de teatro e que, por um momento, você poderia ser um Hans, uma Ulrike, um Fritz, uma Frida? Pois faça o teste. Imagine por um momento que você está tentando imitar um amigo alemão. Finja que não é você. Tente imitá-lo. Se não tiver amigos alemães pegue uma cena de um filme alemão e finja que é um dos atores da cena. Tente reencená-la. Entre no personagem.
No momento em que você finge ser outra pessoa, você passa a ter menos medo de fazer coisas (inclusive fazer sons com a boca) que você normalmente não faria sendo você mesmo(a). Se você acha que não é bom ator/atriz, compre um fantoche. Dê um nome alemão pra ele. E imagine que você esteja falando alemão com uma criança através do fantoche. Só em tentar fazer uma outra voz pro fantoche, você já vai conseguir falar diferente do que fala normalmente.
A maioria das pessoas nunca perde o sotaque pois têm medo de assumirem essa nova pessoa, de perderem sua identidade brasileira/portuguesa etc., por vergonha, por insegurança. Pois tente ser outra pessoa quando falar alemão. Tente. Não custa nada.
5) Ser perfeccionista
Depois de anos de ensino e contato com estrangeiros falando idiomas, constatei o seguinte em relação ao aprendizado de pronúncia: há dois grupos: aqueles que dizem "Professor, se eu falar assim eles vão me entender? Então, pronto. Tá ótimo" e aqueles que dizem assim "Professor, vamos fazer exercícios de pronúncia. Não me conformo em pronunciar errado". Ou seja, existe um grande número de pessoas que não se importa em ter sotaque. Há um grande número de alunos que dizem "Contanto que me entendam, tá ótimo". Tem gente que acha sotaque até "charmoso". Todas as pessoas que conheço falando alemão sem sotaque se esforçaram muito para soar como um nativo e não se contentavam com uma pronúncia mais ou menos. Há um quê de perfeccionismo nas pessoas que insistem em melhorar a pronúncia a ponto de soar feito um nativo. Essa vontade de pagar o preço que for necessário (muito treino, muita repetição, muito esforço etc.) para falar bem precisa vir da própria pessoa. Como professor, não há como conseguir convencer todos os meus alunos a fazerem esse esforço, quando muitos alunos querem apenas ser entendidos. Então para diminuir o sotaque estrangeiro de vez, você primeiramente precisa ser perfeccionista.
Cabe lembrar que não há nada de errado em não querer perder completamente o sotaque estrangeiro, desde que a pronúncia seja compreensível. Se você gosta de falar com sotaque, todo mundo te entende e você está satisfeito(a) assim, é o que importa. Lembre-se de que muitos estrangeiros moram no Brasil que falam português com sotaque. Então dê o seu melhor, mas não se estresse tanto.
Para ler mais sobre a pronúncia de determinados sons, clique aqui.
Obs.: Algumas pessoas podem ter problemas em reproduzir sons até na própria língua. Se você tem um problema físico de audição ou de dicção, é possível que você tenha que procurar um(a) fonoaudiólogo(a).
1) Apurar o ouvido
Bem, esse ponto aqui é complicado de se exigir de alguém, pois uma boa audição é algo com que se nasce. Mas a questão aqui é que sempre dá pra melhorar a sua capacidade auditiva.
Há pessoas que são desafinadas ao cantarem, por exemplo. Na maioria dos casos, o problema talvez comece na audição. Ao não notar a diferença entre duas notas musicais muito próximas, a pessoa mesma não consegue notar que está cantando fora do tom.
O mesmo se dá com idiomas. Quantas vezes você já tentou ensinar a diferença entre o ö de köstlich e o ö de Österreich, ou a diferença entre o a de Bahn e o a de Lamm e as pessoas dizem "Nossa. Mas não é a mesma coisa? Pra mim soam iguais".
Ouça aqui os exemplos que dei (mantenha o foco só nas vogais Ö e A marcadas):
Österreich () e köstlich ()
Bahn () e dann ()
Se você não consegue ouvir a diferença, pode ser que não consiga também falá-las de forma diferente. Então é necessário fazer alguns exercícios para se sensibilizar aos sons diferentes antes de tentar reproduzi-los.
SEM DESESPERO! Com exercícios é possível aprender a diferenciar sons.
E nem adianta dizer que é culpa do alemão. Meus alunos de português também acham superdifícil de início reproduzir a diferença entre avó e avô. É uma questão de se sensibilizar pra ouvir a diferença e só depois tentar reproduzi-la.
2) Conseguir noções de Fonética e Fonologia
Ninguém precisa estudar Letras para ter uma boa pronúncia. Mas assim como um bom domínio de um idioma requer também um certo conhecimento de gramática, uma boa pronúncia pressupõe certas noções de Fonética. O Alfabeto Fonético Internacional (conhecido como IPA - são aqueles símbolos que aparecem como pronúncia do dicionário) é uma ÓTIMA forma de entender melhor a pronúncia. Entender melhor como os sons se formam, onde pôr a língua, a abertura da boca, o arredondamento dos lábios etc. ajuda bastante a pronunciar o som corretamente.
Ter uma noção básica do alfabeto ajuda você a fugir de explicações como "É quaaaaase o som da letra X da palavra Y". Uma pessoa que tem o mínimo de noção de fonética procura o símbolo no alfabeto fonético e sabe exatamente como o som é produzido. Depois de entender o mecanismo de produção é apenas uma questão de ouvido e muito treino. Um das coisas que mais gostei de ter aprendido na faculdade foi o Alfabeto Fonético Internacional. Eu nunca mais olho para a pronúncia do dicionário da mesma forma que eu via antes de aprendê-lo.
Então nada de comprar dicionário com pronúncias "como se fosse em português", hein?
Para quem quiser saber mais sobre o Alfabeto Fonético, clique aqui.
Para saber mais sobre os fonemas da língua alemã representado por símbolos do Alfabeto Fonético, clique aqui.
3) Falar naturalmente requer atentar para a linguagem coloquial/regional
Depois de dominar a pronúncia da linguagem culta, para que você não pareça um apresentador de telejornal, é necessário ter mais contatos com alemães no dia-a-dia para ouvir como eles falam. Nos cursos de alemão normalmente se aprende Hochdeutsch, uma variedade padrão ensinada nas escolas e usada especialmente em situações formais (como em telejornais, discursos de políticos, linguagem acadêmica etc.) Mas pra falar "sem sotaque" é necessário também saber ouvir as pessoas ao seu redor. Dependendo da região, da idade, do sexo, da profissão etc. das pessoas com quem você fala, você terá que adaptar o alemão aprendido no curso.
Por exemplo, vejamos a frase: Ich habe einen guten Deutschlehrer. Escutem agora as duas pronúncias abaixo.
No primeiro exemplo, a frase é pronunciada tal como está escrita, palavra por palavra. Só que na fala natural dos alemães quase ninguém fala assim tão "explicadinho". O -e da primeira pessoa dos verbos quase nunca é dito (já falei sobre isso aqui), a sílaba ei- dos artigos indefinidos (eine, einen, einem etc. ) também não, o -e- das terminações dos adjetivos é muitas vezes engolido quando seguido de -m ou -n (gut'n, gut'm) ou mesmo acontecendo com os infinitivos verbais (sag'n, geh'n) . O segredo é: mesmo que você pronuncie cada palavra corretamente, é necessário ouvir mais alemães falando naturalmente para tentar imitá-los. Ouça mais quem fala alemão com você ou com quem você queira falar alemão. E lembre-se, o alemão usado numa mesa de bar não será o mesmo usado por professores na faculdade. Portanto, sempre esteja atento ao modo como as pessoas falam em cada situação. Se você morar numa região de dialeto, é importante também abrir bem os ouvidos para perceber essas diferenças.
Já mencionei aqui no blog algumas diferenças do alemão da rua e dos cursos. Clique aqui.
4) Fingir que você é uma outra pessoa quando fala outra língua
No filme "Olga" vários atores brasileiros falaram alemão. |
Você já tentou imitar o sotaque de uma outra região do Brasil ou de Portugal? Você é bom nisso? Se não tentou, tente. Porque imitar um sotaque da nossa própria língua com perfeição já é um bom exercício para saber se você é bom de ouvido. Quando as pessoas tentam imitar o sotaque de uma determinada região, seja para fazer piada, para um papel numa peça ou filme, ou até mesmo com o intuito de esconder as suas origens, normalmente a pessoa assume outra identidade.
Se um ator carioca ou paulista tenta imitar, por exemplo, o sotaque gaúcho, uma das coisas que ajuda é pensar que ele não é mais ele mesmo. Ele entra naquele personagem, bota o figurino, muda de nome e "bá... tchê...bagual...".
Se você quer ter um bom sotaque alemão, você já tentou imaginar que tudo não passa de uma peça de teatro e que, por um momento, você poderia ser um Hans, uma Ulrike, um Fritz, uma Frida? Pois faça o teste. Imagine por um momento que você está tentando imitar um amigo alemão. Finja que não é você. Tente imitá-lo. Se não tiver amigos alemães pegue uma cena de um filme alemão e finja que é um dos atores da cena. Tente reencená-la. Entre no personagem.
No momento em que você finge ser outra pessoa, você passa a ter menos medo de fazer coisas (inclusive fazer sons com a boca) que você normalmente não faria sendo você mesmo(a). Se você acha que não é bom ator/atriz, compre um fantoche. Dê um nome alemão pra ele. E imagine que você esteja falando alemão com uma criança através do fantoche. Só em tentar fazer uma outra voz pro fantoche, você já vai conseguir falar diferente do que fala normalmente.
A maioria das pessoas nunca perde o sotaque pois têm medo de assumirem essa nova pessoa, de perderem sua identidade brasileira/portuguesa etc., por vergonha, por insegurança. Pois tente ser outra pessoa quando falar alemão. Tente. Não custa nada.
5) Ser perfeccionista
Depois de anos de ensino e contato com estrangeiros falando idiomas, constatei o seguinte em relação ao aprendizado de pronúncia: há dois grupos: aqueles que dizem "Professor, se eu falar assim eles vão me entender? Então, pronto. Tá ótimo" e aqueles que dizem assim "Professor, vamos fazer exercícios de pronúncia. Não me conformo em pronunciar errado". Ou seja, existe um grande número de pessoas que não se importa em ter sotaque. Há um grande número de alunos que dizem "Contanto que me entendam, tá ótimo". Tem gente que acha sotaque até "charmoso". Todas as pessoas que conheço falando alemão sem sotaque se esforçaram muito para soar como um nativo e não se contentavam com uma pronúncia mais ou menos. Há um quê de perfeccionismo nas pessoas que insistem em melhorar a pronúncia a ponto de soar feito um nativo. Essa vontade de pagar o preço que for necessário (muito treino, muita repetição, muito esforço etc.) para falar bem precisa vir da própria pessoa. Como professor, não há como conseguir convencer todos os meus alunos a fazerem esse esforço, quando muitos alunos querem apenas ser entendidos. Então para diminuir o sotaque estrangeiro de vez, você primeiramente precisa ser perfeccionista.
Cabe lembrar que não há nada de errado em não querer perder completamente o sotaque estrangeiro, desde que a pronúncia seja compreensível. Se você gosta de falar com sotaque, todo mundo te entende e você está satisfeito(a) assim, é o que importa. Lembre-se de que muitos estrangeiros moram no Brasil que falam português com sotaque. Então dê o seu melhor, mas não se estresse tanto.
Para ler mais sobre a pronúncia de determinados sons, clique aqui.
Obs.: Algumas pessoas podem ter problemas em reproduzir sons até na própria língua. Se você tem um problema físico de audição ou de dicção, é possível que você tenha que procurar um(a) fonoaudiólogo(a).