Essa semana um leitor me mandou uma mensagem procurando algo sobre o Futur II do alemão, pois ele não havia encontrado nada aqui no blog.
Então agora vai. Primeiro... uma observação.
O Futur II nada mais é que um tempo totalmente artificial das gramáticas alemãs. Eu explico. Na época em que as primeiras gramáticas alemãs começaram a ser escritas, o estudo das línguas era muito focado no estudo do latim e do grego clássico. As gramáticas destas línguas serviram como base para as primeiras gramáticas das línguas modernas.
No grego, por exemplo, a diferença entre formas verbais que indicam ações acabadas ou em curso é de grande importância. Essa divisão entre Futur I e II segue esse modelo que tenta diferenciar um futuro acabado de um ainda em curso ou inacabado.
Por que você diz que é artificial? Artificial porque a quantidade de tempos verbais de um idioma é bastante arbitrária. Tomemos o português, por exemplo. Quando dou aulas de português, é muito importante que meus alunos saibam a diferença entre "Eu faço" e "Eu estou fazendo". A forma "eu faço" está em todos os livros de gramática do português e é conhecida como "Presente do Indicativo". Já a forma "Eu estou fazendo" (ou "Estou a fazer" em Portugal) não costuma aparecer nos livros escolares brasileiros como um "tempo verbal". Em inglês, é chamado de "Present Continuous". E em português? Alguns chamam no Brasil de "gerúndio". Mas gerúndio é apenas a forma "fazendo", não o todo. O fato de as crianças brasileiras não aprenderem nenhum termo para essa forma "estou fazendo" já mostra que a gente não precisa de nomes de tempos verbais para saber falar uma língua ou entender o que a forma verbal quer transmitir.
Agora vai: Para que cargas d'água serve o Futur II?
Ele serve para indicar um futuro acabado. As situações de uso são idênticas às do Futur I (sobre o qual já falei aqui), ou seja, é um tempo futuro. A única diferença é que o falante expressa que aquele fato/ação estará concluída num momento futuro.
Observe:
I - Quando eu chegar ao aeroporto, vou te mandar uma mensagem.
II - Quando eu tiver chegado ao aeroporto, vou te mandar uma mensagem.
A única diferença das orações acima, é que na oração II o verbo "ter" (tiver) junto com o particípio (chegado) reforça a ideia de que é um fato concluído (no futuro). Tanto na oração I quanto na II, a mensagem só vai ser enviada DEPOIS da chegada ao aeroporto. Mas a forma verbal da oração II reforça a ideia de que é algo já terminado.
Outro exemplo:
I - Quando ela telefonar, alguém vai contar tudo para ela.
II - Quando ela telefonar, é porque alguém vai ter contado tudo para ela.
III - Quando ela tiver telefonado, eu te aviso.
Mais um exemplo... só que neste caso há uma diferença.
Em relação ao verbo telefonar... a oração III indica que a ligação já vai ter sido concluída antes de "eu te avisar". Vamos agora comparar as orações I e II. A diferença é que na oração II, o "vai ter contado" mostra algo já concluído no futuro. Ou seja, primeiro alguém vai contar tudo para ela e por esta razão ela vai me ligar. Na oração I, primeiro ela vai telefonar, e durante ou depois da ligação alguém vai contar tudo para ela. Percebem a diferença?
Bem, no Brasil na escola aprendemos nomes apenas para o Futuro do Presente do Indicativo.
alguém contará/falará (isso é o Futuro do Presente)
mas qualquer falante nativo do português sabe também falar sobre o futuro das seguintes formas
alguém vai contar/falar
alguém terá contado/falado
alguém vai ter contado/falado
A gente poderia dar um nome pra cada uma dessas formas no português, mas o termo não é importante. O alemão dá os seguintes nomes:
Futur I (ele/ela) contará/falará/vai contar/vai falar - ação em curso no futuro
Futur II (ele/ela) terá/vai ter contado/falado - ação concluída no futuro
Como se constrói o Futur II?
Presente do verbo werden e ao fim da oração o Partizip II + haben/sein.
Para decidir se você usa haben ou sein, clique aqui.
Compare:
Exemplos do Futur II
Ich werde schon in Deutschland angekommen sein, wenn du meine Nachricht bekommst.
Eu já vou ter chegado à Alemanha, quando você receber a minha mensagem.
Wenn wir mit dem Master in Deutschland anfangen, werden wir schon das Niveau C1 erreicht haben.
Quando nós começarmos o mestrado na Alemanha, já teremos alcançado o nível C1.
Outros usos do Futur II
Além dos usos que citei anteriormente, o Futur II também pode ser usado para indicar incerteza em relação a acontecimentos do passado. Isso mesmo, do passado, não do futuro. Em português essas incertezas são normalmente indicadas em formas de perguntas com "Será que + (passado)".
Será que as minhas plantas morreram?
Werden meine Pflanzen gestorben sein? (ao pé da letra: Elas terão morrido?)
Será que os meus amigos sentiram a minha falta?
Werden mich meine Freunde wohl vermisst haben? (a partícula wohl reforça a incerteza).
E para terminar... você quer realmente saber o nome deste tempo verbal em português? Pois bem. Chama-se Futuro do Presente Composto. Na dann....
Para ler sobre outros tempos verbais, clique nos links abaixo:
Präsens
Präteritum
Perfekt
Konjunktiv I
Então agora vai. Primeiro... uma observação.
O Futur II nada mais é que um tempo totalmente artificial das gramáticas alemãs. Eu explico. Na época em que as primeiras gramáticas alemãs começaram a ser escritas, o estudo das línguas era muito focado no estudo do latim e do grego clássico. As gramáticas destas línguas serviram como base para as primeiras gramáticas das línguas modernas.
No grego, por exemplo, a diferença entre formas verbais que indicam ações acabadas ou em curso é de grande importância. Essa divisão entre Futur I e II segue esse modelo que tenta diferenciar um futuro acabado de um ainda em curso ou inacabado.
Por que você diz que é artificial? Artificial porque a quantidade de tempos verbais de um idioma é bastante arbitrária. Tomemos o português, por exemplo. Quando dou aulas de português, é muito importante que meus alunos saibam a diferença entre "Eu faço" e "Eu estou fazendo". A forma "eu faço" está em todos os livros de gramática do português e é conhecida como "Presente do Indicativo". Já a forma "Eu estou fazendo" (ou "Estou a fazer" em Portugal) não costuma aparecer nos livros escolares brasileiros como um "tempo verbal". Em inglês, é chamado de "Present Continuous". E em português? Alguns chamam no Brasil de "gerúndio". Mas gerúndio é apenas a forma "fazendo", não o todo. O fato de as crianças brasileiras não aprenderem nenhum termo para essa forma "estou fazendo" já mostra que a gente não precisa de nomes de tempos verbais para saber falar uma língua ou entender o que a forma verbal quer transmitir.
Agora vai: Para que cargas d'água serve o Futur II?
Ele serve para indicar um futuro acabado. As situações de uso são idênticas às do Futur I (sobre o qual já falei aqui), ou seja, é um tempo futuro. A única diferença é que o falante expressa que aquele fato/ação estará concluída num momento futuro.
Observe:
I - Quando eu chegar ao aeroporto, vou te mandar uma mensagem.
II - Quando eu tiver chegado ao aeroporto, vou te mandar uma mensagem.
A única diferença das orações acima, é que na oração II o verbo "ter" (tiver) junto com o particípio (chegado) reforça a ideia de que é um fato concluído (no futuro). Tanto na oração I quanto na II, a mensagem só vai ser enviada DEPOIS da chegada ao aeroporto. Mas a forma verbal da oração II reforça a ideia de que é algo já terminado.
Outro exemplo:
I - Quando ela telefonar, alguém vai contar tudo para ela.
II - Quando ela telefonar, é porque alguém vai ter contado tudo para ela.
III - Quando ela tiver telefonado, eu te aviso.
Mais um exemplo... só que neste caso há uma diferença.
Em relação ao verbo telefonar... a oração III indica que a ligação já vai ter sido concluída antes de "eu te avisar". Vamos agora comparar as orações I e II. A diferença é que na oração II, o "vai ter contado" mostra algo já concluído no futuro. Ou seja, primeiro alguém vai contar tudo para ela e por esta razão ela vai me ligar. Na oração I, primeiro ela vai telefonar, e durante ou depois da ligação alguém vai contar tudo para ela. Percebem a diferença?
Bem, no Brasil na escola aprendemos nomes apenas para o Futuro do Presente do Indicativo.
alguém contará/falará (isso é o Futuro do Presente)
mas qualquer falante nativo do português sabe também falar sobre o futuro das seguintes formas
alguém vai contar/falar
alguém terá contado/falado
alguém vai ter contado/falado
A gente poderia dar um nome pra cada uma dessas formas no português, mas o termo não é importante. O alemão dá os seguintes nomes:
Futur I (ele/ela) contará/falará/vai contar/vai falar - ação em curso no futuro
Futur II (ele/ela) terá/vai ter contado/falado - ação concluída no futuro
Como se constrói o Futur II?
Presente do verbo werden e ao fim da oração o Partizip II + haben/sein.
Para decidir se você usa haben ou sein, clique aqui.
Compare:
Exemplos do Futur II
Ich werde schon in Deutschland angekommen sein, wenn du meine Nachricht bekommst.
Eu já vou ter chegado à Alemanha, quando você receber a minha mensagem.
Wenn wir mit dem Master in Deutschland anfangen, werden wir schon das Niveau C1 erreicht haben.
Quando nós começarmos o mestrado na Alemanha, já teremos alcançado o nível C1.
Outros usos do Futur II
Além dos usos que citei anteriormente, o Futur II também pode ser usado para indicar incerteza em relação a acontecimentos do passado. Isso mesmo, do passado, não do futuro. Em português essas incertezas são normalmente indicadas em formas de perguntas com "Será que + (passado)".
Será que as minhas plantas morreram?
Werden meine Pflanzen gestorben sein? (ao pé da letra: Elas terão morrido?)
Será que os meus amigos sentiram a minha falta?
Werden mich meine Freunde wohl vermisst haben? (a partícula wohl reforça a incerteza).
E para terminar... você quer realmente saber o nome deste tempo verbal em português? Pois bem. Chama-se Futuro do Presente Composto. Na dann....
Para ler sobre outros tempos verbais, clique nos links abaixo:
Präsens
Präteritum
Perfekt
Konjunktiv I
Brilhante! Parabéns
ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluirDescobri o blog agora e estou amando. Está me ajudando muito :)
ResponderExcluirCreio que "Quando eu chegar", em português, pertence ao futuro do subjuntivo. Excelente artigo!
ResponderExcluirExcelente! Obrigado
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